Por:Emerson Monteiro
Isso de andar lá dentro da gente quais habitantes das florestas pessoais até então desconhecidas, no entanto por demais palmilhadas no transcorrer do tempo de quando estivemos a viver e guardar no íntimo todas aquelas impressões, isto sem falhar, a bem dizer, em quase nada, tem significado de motivos eternos. São tantas lembranças desse outrora que ficou gravado na essência desde minha infância, no sertão de Lavras da Mangabeira, vindo em seguida morar com a família em Crato na infância; depois, trabalhando em Brejo Santo durante quatro anos e seguindo a Salvador, onde viveria sete anos de estudos e trabalho, com o regresso ao Crato em 1977, onde vivo desde então, essa trilha imensa contém milhões de recordações inseridas na consciência num tudo de experiências, amizades, namoros, moradias, viagens, enfermidades, ausências, saudade incontida que parece querer me dominar invés de serem peças só complementares do quanto ora sou.
Sempre reunindo, pois, fagulhas de uma fogueira imensa isto perfez meu ser, hoje, ao buscar dizer disso, desse intervalo entre realidades e figurações imaginárias, contudo ao sabor de meus momentos, de minha vontade. Fico a escutar, dalgum ponto distante, o que haveria de contar, espécie de confissão doutras existências de quando fico sozinho comigo mesmo. Nisso vão se passando as cenas das muitas vivências e as detenho na intenção de partilhar em mim tantas histórias dessas formações geológicas da alma a me fazer companhia todo tempo.
Um mundo dentro de outro, assim me parece existir, nuvens em movimento neste céu aberto das configurações reais que transitam no solo da presença. Enquanto isso, as ideias viram palavras, e as palavras formam as frases, neste dizer incontável da consciência, onde personagens de tantos filmes, romances, elaboram novos sentimentos que voam no decorrer das circunstâncias, apenas agora regidos pelo próprio autor e mesmo protagonista, a coincidir no mesmo barco do sem fim tudo o que haverá de sobreviver no subsolo da razão aonde for.