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Tem um pequenino solicitando sua amizade

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Por: Neves Couras;

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Quando instigada a escrever sobre algum tema, é porque ele me fez refletir e me levou à reflexão. Seja como mãe, mulher, ou mesmo como cidadã. Esse tema de hoje me vem à mente há muito tempo, mas sei que para tudo tem seu tempo.

Recebi de uma amiga um pequeno vídeo que na verdade faz parte de uma campanha, feita por uma médica de Curitiba, de prevenção ao suicídio infantil.

Antes de falarmos sobre o tema que, a princípio, já nos choca bastante, faremos uma pequena reflexão a respeito de nossa infância. Me refiro a todos que nasceram antes de 2000, que ao meu ver foi a partir dessa década que os celulares se tornaram mais populares, principalmente no Brasil.

Sou levada a lembrar de nossas brincadeiras quando estávamos fora da sala de aula. Sei que nelas algumas pessoas possam não serem incluídas, mas, na minha geração, minhas primas, vizinhos e amigos brincávamos muito quando nossa mãe permitia, quando não, apenas observávamos.

Acredito terem sido esses momentos que mais nos trouxeram felicidade e acima de tudo, foi nestes que conhecemos e aprendemos a conviver com pessoas que até hoje podemos considera-las como amigos.

Lembro-me das brincadeiras de roda e de bambolê que nunca tive competência para fazê-lo ficar em minha cintura e tantas outras que neste momento me fogem à memória, mas com certeza o leitor ao ler esse texto se lembrará de muitas outras. Lembro-me que nossa mãe não nos permitia brincar de esconde-esconde porque saiamos da vista dela.

Fazíamos nossos próprios brinquedos com tudo que encontrávamos. Se fosse um caixa de papelão, já tínhamos matéria prima para um monte de camas para nossas bonecas, que na maioria das vezes eram de pano; os meninos com paus de vassouras, faziam belos cavalos, com uma lata de sardinha ligadas umas às outras por um cordão, faziam belos trens, e, assim nossas invenções nos levavam a viver em harmonia e com grandes aprendizados.

Meus filhos e todos de nossa rua, colocavam uma rede de vôlei ligando um poste a outro e ali passavam horas brincando. Depois de muito cansaço, ia cada um para sua casa tomar banho e dormir. Algumas crianças tinham o costume de dormirem com a mãe ou pai lendo ou contando alguma historinha que estimulava a imaginação e criação de tantas situações que acabavam dormindo.

Mesmo que nossas mães trabalhassem fora, nossas brincadeiras tinham hora e lugar. Nossos pais ao chegarem em casa, muitas vezes precisavam nos ajudar nas tarefas, éramos cobrados por bom rendimento na escola e as palavras que nos estimulavam a estudar eram as mesmas: “se não estudar, não sobe na vida”.

Nunca ouvimos falar de crianças cometendo suicídio. Que coisa triste. O mais triste ainda, é saber que a causa desse fenômeno está acontecendo, está sendo atribuído ao “abandono” das crianças por seus pais. Não, não é abandono no sentido da palavra. Na verdade, deveria ser chamado de troca das relações humanas por um aparelho eletrônico. Quanto mais sofisticado, mais novidades a serem exploradas, isentando aqueles que deveriam cuidar desse trabalho.

Há um tempo, chegamos a falar de “adote seu filho enquanto o tráfico não o faz”. A campanha de agora, e, o alerta que essa médica faz é que os pais estão deixando seus filhos à deriva. Sem carinho, sem atenção, sem amor.

Se vamos a um restaurante, não é difícil vermos famílias inteiras, sentadas lados a lado, sem se olharem. Apenas prestando atenção ao celular. A comida pedida chega, não olham nem para os pratos, apenas para o celular.

Alguém pode dizer: “mas estamos na época da tecnologia!”. Sim, concordo plenamente, mas não podemos deixar que uma tecnologia possa separar o que se tem de mais necessário ao ser humano: o contato.

Já abordei neste mesmo espaço, um estudo feito por neurocientistas, que afirmavam que “filhos de pais pobres, tendem a ser pobres”. Essa afirmativa, se dava justamente, por dentre mães de baixa renda, encontram-se as que engravidam sem nenhum preparo ou planejamento e esses bebês ao nascerem, não recebem o carinho e a atenção merecida. O estudo falava que a mãe precisa amamentar seu filho não só pelas vantagens que o leite materno tem na nutrição, mas porque no momento da amamentação segurar seu filho, olhá-lo nos olhos, faz com que a mãe mostre a essa criança que ela é importante, que ela é amada. Quando não acontece essa interação, a criança poderá se tornar uma pessoa insegura e desvinculada da mãe.

Com relação à Campanha anteriormente falada, tem trechos que é dito: tablet não acaricia, telefone não embala, não aconchega… Qual a consequência disso? Nossos filhos crescem sem sentir que tem alguém que lhes dê carinho e amor. Imagina não ser querido, e com o passar do tempo vai se isolando de outras crianças, e ficando cada dia mais só. Um filho que tem pais, mas foi entregue para adoção de quem?
Muitos não suportam essa situação que acaba os levando ao suicídio pelo abandono dos pais.

Caros pais e mães, sabemos o quanto nos atrai um celular, mas suas mãos estão sendo cobradas por algum pequenino que vocês geraram e trouxeram ao mundo para ensina-los a viver, eles precisam de sua atenção e de seu amor. Não abandone um pequenino que deseja muito fazer parte de sua lista de amigos. Ele não precisa ser entretido por um celular, ele precisa de seu abraço, seu beijo e de suas histórias.

Aceite este pequenino como seu “amigo”, certamente ele não fará parte da lista das crianças que estão cometendo suicídio e engrossando as estatísticas mundo afora.

 

 

Inspirado no vídeo do site: www.megsoftwares.com

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