Por: Ulisses Barbosa;
Um verdadeiro “frenesi” digno de um “parem as prensas” – só pra lembrar um tempo bom do jornalismo (ingênuo, mas combativo) – quando a mídia corporativa deu o resultado das eleições para o Parlamento Europeu, com destaque para a ascensão da extrema direita (neo fascismo). As diferenças percentuais comparadas com 2019 parecem “margem de erro” (2 pra mais ou pra menos), mas o fato é que a extrema direita apresentou crescimento eleitoral, e pior, entre os mais jovens. Não vou entrar no mérito do processo eleitoral do Parlamento Europeu, a voz de 27 países membros e pouco mais de 500 milhões de eleitores. A questão não é o fato jornalístico, eleições. Mas sim, a exaltação à extrema direita. Lá, paira uma preocupação no ar, aqui, vira “gasolina” na lenha apodrecida do bolsonazifascismo.
Claro que não há ingenuidade ou surpresa, mas revela a gravidade da situação de permanente golpe em que vivemos. Não há diferenças gritantes entre os extremistas europeus e os verde-amarelos. Defendem um nacionalismo psicótico, realidade paralela, preconceitos, delírios conspiratórios e ódio! Muito ódio. E aqui voltamos a nossa mídia hegemônica que aproveitou o tema pra mandar seu recado neo liberal para 2026, “erramos com o psicopata miliciano, agora vamos apresentar um candidato que sabe comer com garfo, salve o “moderado” Tarcísio”. Enquanto o país passa por um processo de reconstrução com números e indicadores positivos, o capital predatório, a mídia golpista e o pior congresso de nossa história sabotam o país.
Fizeram “ouvido moucos”, se calaram e fingiram “cegueira” para as pautas bombas, de costumes e fundamentalistas, como a absurda lei que condena a mulher estuprada que abortar a uma pena três vezes maior que a do estuprador. Criminalização do usuário de maconha, qualquer quantidade, como traficante. Privatização das praia, da água, do ar e da vida! Mesmo com a catástrofe do Rio Grande do Sul clamam por Estado Mínimo em meio a um “tsunami” de mentiras e criminalizam até a compra de arroz para quem precisa. Não basta ser extrema direita, tem que ser cruel e perverso no “brazil” bolsonarista. Eis o que move a exaltação dessa turba nos noticiários da grande mídia. A boiada está passando e os democratas (esquerda, centro e direita) ainda não conseguiram se reorganizar para esse enfrentamento, já que tem andado distante das ruas. Lembrando que estamos há quatro meses de mais uma eleição. A disputa nas redes sociais, sem regulamentação da mídia, favorece a mentira, aprovada recentemente como lícita, inclusive pela bancada da “bíblia”, quem poderia imaginar, né? Ai, segue a receita de bolo…A mídia corporativa se encarrega de criar cenários negativos em seus noticiários para criar a sensação de caos e má gestão. E pronto! Sem debates, explicações ou contraditório, nada!
Da boiada, não sobra nem rastro! Já vimos tudo isso desde 2014. O “modus operandi” não mudou muito, apenas incorporou mais desinformação com as redes sociais.
O mundo virou uma “grande aldeia” com a globalização. Deveria ser o inverso de tudo o que se tornou. Nossos problemas não são tão diferentes. Temos problemas graves e imediatos como as mudanças climáticas, outros preocupantes, como a guerra na Ucrânia e o massacre em Gaza. E temos ainda os problemas “messiânicos”; Erdogans, Zelenskys, Mileys e o apocalíptico Trump. Todos representam algum tipo de risco iminente para a aldeia. A lista é grande, mas estes são os favoritos das “bigs techs”. Aqui, tiramos um “mito” com o melhor antídoto pra quem joga “fora das quatro linhas”, a democracia!
Quando a imprensa local fala mais da “vitória” da extrema direita e não do gigantesco processo democrático europeu, fala de si mesma como braço anti democrático do debate político.
Normalizar a extrema direita não é ser “democrata”, não se pode normalizar a anti-democracia. Combater o preconceito, racismo, violência, autoritarismo, fundamentalismo e toda e qualquer mentira é ser democrata. A mídia oligarca há muito perdeu qualquer pudor ético ou democrático. Não toleram o pobre no orçamento, mas precisam do pobre “hater” de pobre e de uma classe média ressentida, que se julga elite, para alimentar essa roda viva da necropolítica. Não é só sobre democracia, é sobre civilidade contra barbárie