Por: Antonio Henrique Couras;
Lá se vão não sei quantas semanas em que sou assombrado pela frase que dá título a este artigo. Semana atrás de semana sou coagido pela minha mãe a revisar os textos que ela publica religiosamente nesse espaço.
No começo foi um pouco difícil até que ela se despisse de suas amarras acadêmicas e escrevesse de sua forma natural. Aliás, sua forma natural de falar é capaz de hipnotizar multidões. Nunca vi magnetismo igual.
Seja em palestras em pequenos Centros Espíritas, em auditórios lotados ou nas festas de família, minha mãe consegue fazer com que todos os olhos e ouvidos se grudem magneticamente nela.
Sendo a prova maior que o segredo para se ser uma pessoa interessante é, fundamentalmente, ser uma pessoa interessada, minha mãe está continuamente de olhos e ouvidos abertos para o mundo. Acorda e faz seus exercícios ao som de palestras sobre filosofia. Dorme depois de ler algum livro sobre história, ou algum tema que seja de seu interesse no momento.
Incontáveis são as vezes em que ela, ao ir a algum médico, trata aquela pessoa de jaleco que a tantos intimida como um igual (as vezes como alguém levemente inferior, mas que ela não leia essas palavras), sem deferência alguma aos anos que o pobre diabo se dedicou à escola de medicina. É quase um espetáculo de se assistir:
-Boa Tarde.
-Boa Tarde.
-Em que posso ajudar a senhora hoje?
-Olhe meu filho, eu vim aqui porque eu só vou a médico como última alternativa. Tenho tal e qual problema e acho que é melhor você me prescrever esse e aquele exames.
-É verdade. Esses exames são importantes
*Faz-se o exame e retornamos*
-Pois é Dona Raimunda, é o que a senhora falou mesmo…
-Pronto. Aí agora você vai me dizer que é pra eu tomar tal remédio, mas eu não vou tomar porque ele não me faz bem. Então me prescreva outro.
-Certo Dona Raimunda… Tal remédio a senhora pode tomar?
-Posso.
-Pronto, então eu vou prescrever esse remédio e fisioterapia.
-Mas essa é aquela fisioterapia que não olham nem na cara da gente, botam a gente num aparelho e pronto? Essa que não serve de nada?
-É…
-Então nem precisa passar. Boa tarde.
-Boa tarde.
E assim saímos do consultório. Ela com a receita do medicamento que pediu e o médico atordoado sabendo menos do que sabia antes da consulta começar.
Talvez seja o fato dela ter nascido sob a regência da constelação de Leão que lhe dá essa personalidade solar, seja um senso de justiça e corretude inerentes a si. Não há agência bancária ou supermercado em que ela ou quem quer que seja tratado com menos deferência do que merecem, ela chuta o pau da barraca e mostra a que veio.
Ela dirá que não faz mais esse tipo de coisa, que a idade a tornou mais branda, mas eu tenho cá minhas dúvidas.
Conto todas essas “aventuras” arriscando ser colocado de castigo de joelhos no milho para dizer que Neves Couras, minha mãe, escreve como fala, mas mais ainda, vive sua vida de forma honesta com seus valores. Não há dois pesos e duas medidas em sua vida.
Ela luta por quem quer que precise de sua força leonina. Seja um grupo de aposentados sob o sol esperando uma agência bancária abrir, seja um filho que é obrigado a ouvir alguma bobagem de um médico ignorante.
E assim, a convite da equipe deste site, ela vem escrevendo semana após semana as suas vivências, compartilhando um pouco dos seus vastos conhecimentos. E fazendo uma coletânea de seus artigos que tratam sobre espiritualidade e saúde, escreveu seu segundo livro: , publicado pela Editora Viseu e já disponível para venda em formato físico e digital no site amazon.com.br.
E aqui dedico este espaço para fazer descaradamente a propaganda deste livro, que tive a oportunidade de ser forçado a corrigir as vírgulas e crases. É um recorte dos conhecimentos desta grande mulher que tem o amor e o serviço ao próximo como seu lema de vida, esta que relata como é ser absolutamente humana ante os altos e baixos da vida. É definitivamente uma leitura que todos devem se dar o prazer de ter em suas estantes.
