Por: Neves Couras;
Todas as vezes que nos vemos diante de uma catástrofe que envolve enchentes, terremotos, doenças, alteração do clima, mortes, perdas de bens materiais e tantas outras alterações, vemos a mobilização dos meios de comunicação, nos chocamos com toda dor que é causada e nós, população comum, nos mobilizamos, para socorrer.
O Brasil vem passando por alertas, em que nós, os seres humanos que habitam esse país especificamente, estamos sendo chamados à uma reflexão. Vemos todas as mobilizações possíveis para socorrer e tentar diminuir os efeitos das tragédias. Mas lhes pergunto: as causas estão sendo pensadas?
Em São Paulo, em uma das avenidas importantes, passava um rio que precisava de um certo espaço para fluir, mas alguns homens se achando mais inteligentes que o rio, acharam que podiam driblá-lo e, então, construíram um canal e, por cima dele, uma bela avenida asfaltada. Acredito que hoje, nem mesmo a população de São Paulo, sabe quem foram os engenheiros contra e os a favores da “grande obra de arte”. Anos se passaram, até que o rio não aguentou mais e cobrou de volta seu espaço.
Assim, acontecerá com áreas desmatadas para construção dos Condomínios Residenciais que grandes empresas com seus famosos arquitetos e engenheiros construíram e construirão para dar status aos mais bem sucedidos economicamente que precisam para se separar da população com menor poder aquisitivo.
Nada contra a ninguém, rico ou pobre. Cada um faz de sua vida e usa seu dinheiro como quiser. No entanto, precisamos urgentemente ouvir a Mãe Natureza que chora, que clama por seus espaços, e não é que ela precise de dinheiro, ela quer contribuir com nossa qualidade de vida e nós não estamos deixando.
Essa semana estava vendo um programa, que peço desculpas por não ter prestado atenção nem quem produziu nem outros detalhes. Mas se tratava de um estudo de um Engenheiro que para sua Tese de Doutorado, estudava algumas espécies de plantas. Ao chegar no local escolhido para o estudo, ele sentiu, como disse: “algo diferente”. Ele estava com um cinegrafista com equipamentos sensíveis, então resolveu ligar o microfone naquela enorme floresta ainda, nativa e deixou gravando em silencio.
Depois, resolveu fazer a mesma coisa em uma área de monocultura. Deixou o mesmo tempo o microfone ligado e também ficaram em silencio. Após o tempo determinado, resolveu escutar o que havia sido gravado nos dois ambientes. Para sua surpresa, o som da floresta o surpreendeu. Eram sons jamais percebido por ele. Segundo suas palavras, a floresta “falava”! emitia sons de uma beleza e de forma que o ser humano não imagina. Quando foi ouvir o som gravado na área da monocultura, não existia “som”. Um enorme silencio envolvia àquele lugar.
Fiquei tão impactada com essa pesquisa que é a prova material do que espiritualmente falando já sabemos. A natureza chora com o que o homem está fazendo com ela.
Na contramão de todo esse pedido de socorro, ainda vemos nas casas legislativas os homens eleitos por nós, criando leis para aumentar o tamanho das áreas a serem ocupadas pelo homem.
Você já pensou na possibilidade de ser o rio? Já se imaginou com suas águas limpas, passeando no lugar só seu, com toda beleza que lhe é peculiar e de repente sentir que estão jogando esgoto em você, jogando lixo, e toda espécie e sujeira? Já se imaginou que suas águas habitadas por belos peixes, suas crias, seus vizinhos e de uma hora para outra, ver todos ao seu redor morrerem?
O Rio chora, clama por socorro, mas ao invés de socorrê-lo, o homem contribui com mais sujeira. Porque você, homem, prefere jogar o esgoto de sua casa, de seu hotel, de seu restaurante no rio porque só por se tornar mais barato? Sem realizar o projeto que a Lei exige se torna mais barato. Você vai ganhar mais. Ganhar mais por quanto tempo? Durante quanto tempo você acha que não irá precisar mais do rio? Por quanto tempo o mar e todos os seus habitantes irão suportar ser insultados, escarrados e ter seus habitantes mortos e nada farão? Pense nisso!
Você já ouviu o clamor e as lágrimas de uma planta que é simplesmente cortada para dar lugar a uma casa? Tente olhar nos galhos cortados, as “lágrimas” que saem de suas entranhas. Será que você já pensou para pensar em você sendo uma árvore indefesa, pois nem correr pode. Ela está presa à terra, para ajudar a você respirar. Mas, você não deve sentir dor quando um dos seus braços são feridos, suas pernas e cabeças são cortadas, assim, sendo, a árvore também não sente dor.
Caríssimos leitores, talvez eu seja tachada de “louca”, ou algum outro termo que o valha, mas acredite, precisamos acordar e perceber que todos nós somos parte de um só cosmos. Somos de espécies diferentes, mas nos complementamos como todos os seres da natureza.
Talvez os sons dos motores dos carros, das motos, dos paredões não permitam que você ouça mais os sons mais delicados. Talvez seus olhos e seu coração estejam voltados para o poder o para o ganhar mais. Para que ter tanto, se daqui a pouco você perderá tudo isso. A natureza é paciente, ela te tá todas as oportunidades para ser recuperada, respeitada, mas chegará o momento que ela precisará do espaço dela. E aí, você não terá bens, força e poder para lutar para retomar o que é dela. Pense nisso.