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Onde é o meu lugar?

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Por: Neves Couras;

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Quando resolvi escrever, assumi um compromisso comigo mesma de falar de coisas, fatos ou situações que, de alguma forma, pudessem estar falando de minhas vivências e experiências. Evidente que aqui ou acolá preciso acrescentar histórias de outros, ou, ainda, sonhos. Sonhos que ainda cultivo, e olha, estes ficaram escondidos e esquecidos ao ponto de me fazer duvidar que não seria possível mais vivê-los. Assim, fui descobrindo que eu não poderia deixá-los ir. Se assim o fizesse, estaria deixando parte de mim também ir. Não posso deixar isso acontecer. Não deixe isso acontecer.

Se por acaso você estiver vivendo uma situação que faça você esquecer ou abandonar os seus sonhos e a você mesmo, retorne, reveja tudo. Comecei a perceber que talvez pelo modo como fomos criadas, e neste caso peço permissão para falar de nós mulheres, a forma que nos foi mostrada o mundo, foi de que precisávamos de outro para sermos felizes, de pessoas ou lugares específicos ou determinados modos de vida para que fôssemos alguém. Esse modo de pensar nos colocou, muitas vezes, em espaços ou situações que nos tiravam completamente a nossa liberdade.

Acredito que por algum tempo foi oportuno que acreditássemos que a liberdade se confundia com libertinagem. Ou mesmo, ainda em pleno século XXI, a mulher ainda é “ligada” a preconceitos de que não devemos fazer certas coisas pois não caem bem para nós. Convivi com mulheres muito fortes, não só de minha família, mas quando trabalhei com desenvolvimento de comunidades, conheci algumas que me surpreenderam pela sua força, determinação de serem felizes sem terem que deixar de desenvolverem seu papel de mãe e profissional.

Eu mesma passei por situações que, não sei se por ser mais jovem ou por ser determinada em que, consciente de que não havia outro caminho a seguir, empinei o nariz, bati o pé e segui em frente. Precisava continuar, não só por mim, mas por meus filhos. Eu os aceitei, eu decidi que seria, não sei se a melhor mãe, mas a que os ensinaria que se lutarmos, se buscarmos nossos sonhos eles acontecem. Dor? Tive muitas. Saudade, necessidade de optar pelo mais difícil, abandonar por algum tempo os grandes sonhos, tudo isso eu fiz.

Não me arrependo, não me queixo. Depois, de algum tempo percebi que tudo que passei, as dores, as tristezas, as incompreensões, todas, exatamente todas, me tornaram o que sou hoje. Realizei todos meus sonhos? Não. Ainda não. Mas pretendo.

Quem se propôs a ler este texto até aqui pode estar se perguntando: Por que falar tudo isso? Por uma razão bem simples. Comecei a compreender que de alguma forma, em algum tempo e lugar, alguém nos observa e resolve se inspirar em nós. Esta inspiração, como costumo dizer, pode ser para ter força de fazer o que fiz ou então, simplesmente dizer: – este caminho eu não vou percorrer.

Estava ouvindo uma aula sobre a vida de Santa Tereza D´Avila onde ela estava sendo apresentada como uma força para outras mulheres que já acreditavam que o que ela fazia e ensinava a tornaria Santa, como de fato aconteceu. De forma nenhuma é este o meu caso, até porque a forma como vejo e entendo os ensinamentos de Jesus, para que eu me torne não santa, mas anjo, relembrando uma das máximas do Espiritismo: “todos nós iremos do átomo ao arcanjo”, preciso renascer milhões de vezes.

Mas nossa abordagem é de que para sermos pessoas melhores a cada dia, não se faz necessário termos ou querermos demonstrar uma vida de santo. O que precisamos é buscarmos uma vida reta como bem coloca o filosofo Cícero em “Os deveres”. Estamos na carne, ou seja, enquanto estamos vivendo neste planeta, ainda estamos na escola e como tal, podemos errar e recomeçar.

É evidente que alguns que estão em nosso caminho, seja por livre escolha ou porque aquele Senhor lá de cima nos disse: “vá terminar o que começou”, ou, quem sabe, você ainda deve a este, ou você escolheu ajudar! A opção é nossa de desistir dos parceiros da caminhada, ou ir até o fim do destino preestabelecido.

E o que venho aprendendo a duras penas. Não digo tudo isso para ser exemplo para ninguém. Apenas falo de minha vivência de minha história e se ela “tiver serventia” como dizia um grande amigo que partiu antes do combinado, que possa ser avaliada.

E quanto ao nosso lugar? Que dizer? Às vezes me vejo numa linda clareira, de mãos dadas com tantos que já amei e que gostaria de ali permanecer, outras vezes me sinto com uma vontade louca de arrumar a mala e partir, mas vem aquele sininho do compromisso e lembra: a missão não terminou. É neste momento, que mergulho nas belas águas do rio, lavo meu corpo e minha alma, sacudo a cabeça e resolvo ir em frente. Posso garantir que não desistirei de sonhar. De voltar para a clareira e de mãos dadas com os que amo, sentindo o vento no meu rosto, o sol em minha pele e como pássaro, voarei.

Seria isso desistir? Acredito que não. Todas nós suportamos viver com uma corrente no pé, ter o coração apertado e as lágrimas que nos visitam de vez em quando? Não sei. Só sei que não podemos acreditar que, como algumas religiões pregam, precisamos passar por todo tipo de sofrimento, desrespeito e falta de consideração apenas para que a sociedade ou mesmo os fiéis de sua comunidade não as vejam como quem não merece, de Deus, o amor e assistência. Todos nós somos filhos de Deus, e Jesus disse que nenhuma ovelha de seu rebanho ficaria à deriva.

Quero ser feliz e viver a verdadeira liberdade de amar e ser dona de meu próprio destino. Não podemos deixar que façam de nós ovelhas presas por cabrestos ou em pequenas baias. Não percamos a fé e a esperança, mas acima de tudo não deixemos de ter planos e buscarmos a nossa felicidade. Lembremos, ainda, que para sermos felizes, não precisamos de “cara metade”, filhos, o “emprego dos sonhos” ou uma casa à beira mar. Precisamos de pessoas inteiras que nos respeitem e nos queiram para a caminhada lado a lado, recebendo, ao mesmo tempo, o mesmo vento, o mesmo sol e a mesma necessidade de ser feliz porque nascemos para isso.

Eu ainda digo: Precisamos acreditar que podemos ser felizes. Não deleguemos esse poder a ninguém. Essa é uma prerrogativa nossa.
Repetindo as lindas palavras de Dom Helder Câmara: Sejam Felizes!

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