Por: Bodão Ferreira;
Eu fui menino do campo
Passarinho sem gaiola
Sem jeito, jogava bola
Tirava do dedo um tampo
Temia a luz do “relâmpo”
Trovão me deixava aflito
Do rio subia aos gritos
Pra me esconder na palhoça
O meu passado na roça
Foi pobre mais foi bonito
Eu comi Tejo e preá
No quintal, manga madura
Peguei muita tanajura
Corri de aripuá
Botei carga em caçuá
Encorêta e cambito
Comi jaca com palito
Carreguei milho em carroça
O meu passado na roça
Foi pobre mais foi bonito
Pra saber de onde venho
Recorro ao meu passado
Quando subia suado
Atrás de mel no engenho
Quilômetros de empenho
Naquele brejo bonito
A gente ouvia o apito
E era alegria nossa
O meu passado na roça
Foi pobre mais foi bonito
Plantei lavoura de fava
De batata e macaxeira
Tomei chá de espriteira
Quando a gripe atacava
Lambedor se preparava
Por minha vó sem conflito
Mas só depois de ter dito
Que não banhe em chuva grossa
O meu passado na roça
Foi pobre mais foi bonito
Fui novena e procissão
Quadrilha e festa junina
Plantei batata granfina
Fui cruzeiro de São João
No roçado, mutirão
Coletividade em rito
Só lembrando, acredito
Na união que é nossa
O meu passado na roça
Foi pobre mais foi bonito