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O papel das mulheres nos textos sagrados

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Durante este mês de inúmeras manifestações celebrando a “consciência negra”. Coloco entre aspas, não por ser um título dado a esse movimento, mas sobretudo como minha forma de protesto, quanto a necessidade de ainda, em pleno século 21, 135 anos depois que oficialmente foi assinada uma Lei que dava o poder de igualdade a todas as pessoas que por desumanidade, crueldade, poder, prepotência e tantos outros adjetivos que poderíamos ainda fazer uso, foram consideradas diferentes uma das outras apenas pela cor da pele.

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Sei que essa história ainda não acabou nem tão pouco existe igualdade não só para os que tem a cor da pele diferente, mas para todos aqueles que não se enquadram num padrão criado por uma elite decadente e, em sua grande maioria, sem ética e respeito mútuo. Não posso falar em primeira pessoa sobre a discriminação racial, pois sempre fui percebida como sendo uma mulher branca, mas posso falar das dores do que é ser mulher. Uma condição de vulnerabilidade talvez anterior até mesmo àquela imposta aos diferentes em origem ou feição.

Voltando ao tempo, podemos observar que a segregação, seja étnica, sexual ou econômica, é tão antiga quanto a própria existência do Homem. Para mim, e sei que para muitos, o maior modelo que precisamos seguir, e quando conhecemos seus ensinamentos e sua trajetória de vida, é para cristãos como eu, Jesus.

Vindo do Judaísmo, como uma religião do Livro, o cristianismo é uma religião incomum no mundo romano, embora não fosse a única. As tradições sugeriam que havia uma interação de Deus com a ancestralidade em Israel. O que nos chama atenção nestas explicações na obra de Bart. D. Ehrman “O que Jesus disse? O que Jesus não disse?” são dentre tantas outras coisas, para nós importantes, é o respeito e o reconhecimento à mulher principalmente quando se referem “os patriarcas e as matriarcas da fé, tais como Abrão, Sara, Isaac, Raquel, Jacó, Rebeca, José, Moisés, Davi entre outros”, citação que nos remete à importância não só dos homens, mas também às mulheres nos ensinamentos de Deus e posteriormente aos de Jesus, nas comunidades em que viviam e pregavam os ensinamentos sagrados. Tais ensinamentos eram repassados em reuniões públicas, onde os textos eram lidos em voz alta considerando que a maior parte da população da época era analfabeta.

Depois no primeiro século após ao martírio de Jesus, é Saulo ou Paulo que por ser um homem erudito, utilizando a História Oral, passa a escrever seus primeiros textos contando os ensinamentos de Jesus. Era o Novo testamento que começava a ser escrito.

Os judeus entendiam, e ainda entendem, que Deus dera a seu povo, nos escritos de Moisés, a lei de seu povo, no livro chamado de Torah, que significa “lei” ou “orientação”.

Ali se encontram os relatos, descrição do mundo de Deus com eles e o mais importante: As leis que Deus entregou a Moisés para indicar como seu povo devia adorá-lo e se comportar um com outro e em comunidade.

O apóstolo Paulo é o mais antigo e melhor dos exemplos. Fundou igreja por todo o Mediterrâneo oriental, priorizando os centros urbanos, procurando converter pagãos de que só Deus merecia ser adorado e de que Jesus era seu único Filho que morrera pelos pecados do mundo. Quando convertia certo número de adeptos, partia para outro lugar seguindo sua missão.

Na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses, com data de 49 da E.C,[1] escrita depois de cerca de 49 anos da morte do Cristo, Paulo conclui a carta dizendo Chamo a atenção para a preocupação de Paulo, no sentido de considerar e convocar igualmente homens e mulheres para cumprirem com a divulgação do Evangelho.

Não é segredo para quem estuda os textos sagrados que Jesus nunca deixou de lado a presença feminina em sua obra, nem deu tratamento diferenciado, como era comum aos homens fazerem a época. Uma dessas histórias é a da mulher encontrada em adultério é provavelmente mais bonita passagem da Bíblia: Jesus está ensinando no templo, em um grupo de escribas fariseus, seus inimigos jurados, aproxima-se dele trazendo consigo uma mulher “que fora pega em flagrante ato de adultério” Eles a trazem à presença de Jesus porque querem pô-lo à prova. A Lei de Moisés é, o dizem a Jesus, que uma mulher dessas seja apedrejada até a morte; é evidente que se trata de mais uma armadilha para Jesus.

Ele nada fala de imediato. Apenas abaixa-se e escreve na areia: “Aquele que não tiver percado, atire a primeira pedra”. É evidente que essa história poderia ser escrita com uma série de detalhes, mas esse pequeno texto  mostra que as mulheres sempre estiveram ao lado de Jesus, contribuindo inclusive financeiramente para sua obra, sem esquecermos de dizer que foi a uma mulher que ele confiou à sua primeira aparição. Foram elas que ficaram com Ele, quando todos seus discípulos o abandoaram.

Estamos há 21 séculos tentando conquistar nosso espaço, além de mães e esposas, mas como profissionais e sujeitos políticos. Enquanto isso, os homens continuam, talvez por medo, inveja ou pura incompetência, a negar nosso espaço de poder, sensibilidade e competência. O mesmo medo que fez com que os fariseus não levassem a julgamento o homem que praticou o ato junto com a mulher adúltera, afinal, para se praticar adultério, se faz necessário mais de uma pessoa.

Que em um futuro bem próximo, não precisemos mais provar que somos nem melhor nem pior que os homens, somos iguais, apenas com um sexto sentido que eles jamais terão.

Salve todos as mulheres que lutam pela igualdade de condições numa sociedade, onde os homens ainda pousam de heróis e de inteligentes, portanto merecedoras de privilégios.

 

 

 

 

Obra Consultada:

EHRMAN. Bart D. O que Jesus disse? O que Jesus não disse? – Quam mudou a Bíblia e por que?. Tradução Marcos Marcionílio. São Paulo: Prestigio, 2006.

[1] Atualmente, pesquisadores usam a nomenclatura  Era Comum , em substituição a.C e d.C.)

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