Os primeiros passos do Espiritismo no Cariri registraram reuniões em Crato e em Juazeiro, com a participação de nomes conhecidos da sociedade da época nessas comunidades. O primeiro centro espírita propriamente dito, devidamente constituído e em funcionamento regular, terá sido o do Seu Luiz de França, que ficava nas proximidades do Salgadinho, imediações de onde hoje existe o Memorial Padre Cícero.
Daquela época, dentre outros trabalhadores estava minha amiga Laís Cardoso, filha de Seu Roldino, uma médium criteriosa com quem eu viria de contar alguns anos nas atividades do Associação Espírita Allan Kardec, em Crato, de que fora dirigente.
Daquela fase em que compareceu ao centro de Seu Luiz de França, Laís me contou um episódio pitoresco o qual pretendo narrar agora:
As reuniões do centro de Seu Luiz ocorriam às terças e aos sábados, sempre com atividades mediúnicas, de tratamento e doutrinação de espíritos obsessores, a fazer retiradas em pacientes que buscassem a casa espírita no sentido de obter a cura espiritual com o afastamento de necessitados que por ventura os acompanhassem.
Assim, certa feita, ao chegar para abrir o centro, passados alguns dias, Seu Luiz se deparou com um espírito que ficara ali desde a reunião anterior. E este veio todo insatisfeito a reclamar do dirigente da casa:
– O senhor, além de me trazer aqui sem que eu quisesse – protestou veemente ao responsável pelas reuniões e também um médium vidente, – foi embora e me deixou trancado esse tempo todo.
Ao ouvir aquela reação da entidade que viera no tratamento mediúnico da reunião passada, Seu Luiz reagiu com severidade, a dizer:
– Deixe de ser ignorante! Paredes e portas não aprisionam os espíritos desencarnados, que podem circular livremente e atravessar os obstáculos físicos na hora que pretender.
Laís fora testemunha do entrevero, pois estava na ocasião, o que me contou como uma das lembranças que guardava das primeiras ações espíritas kardecistas de que participou na nossa Região.