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Doce Mistério da Vida

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A minha tenra infância foi recheada de histórias, lendas, anedotas, mitologias e tudo que envolvia os mistérios da vida e do imaginário infantil. Vivi num verdadeiro mundo mágico, encantado mesmo. Até a casa em que nos morávamos era misteriosa, assombrada e muito bela.

Localizada no Sitio Volta, a 2 km. da cidade de Lavras de Mangabeira CE, era a residência do chefe do Posto Agrícola, cargo ocupado por meu pai que veio transferido de Tauá, onde exercia a referida função. A casa foi construída pelo Governo Federal numa arquitetura arrojada, própria da década de 1940, espaçosa, alpendrada, luxuosa para época e muito arejada. Tinha um bonito jardim, pomar, água encanada que vinha de uma caixa d’agua alimentada por um motor à bateria, assim, como nosso rádio, um ABC Canarinho, que ficava na copa e ouvíamos durante todo o dia as transmissões da Rádio Auto Piranhas de Cajazeiras/PB.

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Sempre nos finais de tarde íamos para cidade. Ao escurecer o vigia da noite entrava na casa e acendia os faróis e candeeiros, ficava nos alpendres até nossa chegada. Muitas eram as histórias de almas penadas a vagar no interior da casa, de se ouvir longas rezas, barulhos de objetos a cair na cozinha, cheiro de vela acessa e vozes tirando terços, além de conversas aleatórias sem nunca se interpretar o que falavam.

Embora minha mãe não acreditasse em tais fenômenos tinha muito medo. Uma noite de muito calor ela armou uma rede de frente ao grande janelão que dava para o alpendre e adormeceu. Acordou na madrugada por uma voz feminina chamando por meu pai, mas, o que lhe chamou atenção foi como o nome do meu pai foi proferido. Ele se chamava Benevenuto, e era conhecido como Dr. Bené, outro detalhe chamou a atenção de minha mãe, a voz chamou por três vezes ”Bevenuto”, pronúncia até então desconhecida.

Mamãe ouviu o chamado e logo levantou, foi até a cama onde dormia meu pai e disse: -́ Bené tem gente te chamando lá fora. Ele levantou rapidamente e saiu para ver de quem se tratava, ficando apreensivo pelo tardar da hora. Chamou o vigia que cochilava e revistaram a casa sem nada encontrar.

Meu pai entrou e perguntou a minha mãe como foi o nome que ela ouvira, e ela repetiu: “Bevenuto”, o que causou nele admiração, dizendo que somente a sua mãe o chamava assim, e ela já havia falecido há anos atrás. Com um pouco de medo, mas sem querer dar asas à imaginação, minha mãe se muniu de um terço, deitou e começou a rezar para a dona da voz, rogando que ela não voltasse e até prometeu rezar por mais tempo com tanto que ela a deixasse em paz.

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