Eu pensei muito para escrever este artigo abordando o tema do Natal, mas não queria me ater aos temas tradicionais, quero ampliar um pouco nossa reflexão, utilizando o lindo período dedicado ao nascimento de Jesus, mas abordando a vida e como ela precisa ser vivida. Nossos últimos artigos têm nos levado à reflexão sobre a felicidade, temas relacionados ao envelhecimento de nosso corpo e a vida a sós, mas este Natal, quero falar de recomeço, assim, como nascer, em nossa visão, é recomeçar.
Participei, nesta última semana, do lançamento de um livro, em Pernambuco, de um Irmão que escreveu a respeito de espiritualidade e saúde, mesmo tema que eu abordei em meu mestrado, mas claro, com muito mais pesquisa, muitos exemplos de curas espirituais e ele, como médium de cura, nos traz temas que precisam ser estudados com muita dedicação e zelo. Mas não é sobre o livro que quero tratar neste momento. Em função de encontros que tive com algumas mulheres, na faixa etária dos 60-65 anos, tive a oportunidade de conhecer e de conversar sobre questões que envolvem nossas vidas no momento, que nesta pandemia tiveram seus companheiros de vida levados para o outro lado da vida.
Não imaginem que só por sermos espíritas, a aceitação da finitude da vida é tranquila e serena para os que ficam. Aceitar a partida de um companheiro ou companheira, não é fácil, mas o que me chamou atenção naquelas mulheres foi que em breves momentos que nos conhecemos, elas se sentiram à vontade para me contarem parte dos seus sofrimentos, como se a vida delas tivesse também parado.
Ocorre com muitas pessoas, em várias fases da vida, se deixarem levar por um problema, que em função de várias situações, seja por morte, por um divórcio ou mesmo um casamento com problemas, e passam a ter dificuldades de enfrentar, individualmente, a situação, se tornando enormemente difícil o retorno a si, a voltar a desfrutar da beleza da vida.
As depressões, tristezas que cada um enfrenta, nestes casos, podem se tornar um grande problema existencial, e que por nossa falta de conhecimento ou mesmo por acharmos que é normal está com aquele sentimento, não buscamos ajuda.
Quando Jesus orientou a nos amarmos mutuamente, dentre as razões dessas orientações, está a de que precisamos uns dos outros, e por isso também, precisamos da convivência com outros humanos, por não sermos autossuficientes em tudo. É evidente, que a Ciência e a Espiritualidade se completam. Mas cabe a nós a busca. Somos nós os autores da cura e da resolução de nossos problemas. Não podemos delegar nem culpar a ninguém a nossa doença e, portanto, a nossa cura.
Novamente, escutando as orientações dos Benfeitores Espirituais, “precisamos acreditar no que somos, no nosso poder de realização no que fazemos, no nosso progresso, na capacidade que temos de cuidar de nós mesmos, da nossa família e, além de tudo isso, mantermos a paz interior”.
A paz interior, é um dos grandes processos de aprendizagem, que em inúmeras situações só alcançamos quando passamos pelo sofrimento e por dores profundas.
Passarmos por esse processo não significa que fomos esquecidos pelo Pai, mas como Ele é justo e misericordioso, esses sentimentos, para alguns, se fazem necessário como forma D´Ele nos dizer: Pare! Olhe para você, se examine, observe o caminho que você está percorrendo, será esse o ideal?
É muito de nossa cultura buscarmos um culpado para nossos sofrimentos e dores. Sinto muito informar, que se existe algum culpado em tudo isso, somos nós.
Quando passamos por um grande perigo, ou sofrimento, ao terminar, estaremos mais fortes, mais confiantes. Assim, como que olhando para um rio após uma grande enchente, suas águas voltam a correrem em plena mansidão. Assim, somos nós.
Não podemos esquecer, que todos, todos mesmo, que ainda estão neste orbe, passam por sofrimentos e dores em algum momento de nossa passagem por aqui.
Faz parte de nosso processo de burilamentos. Importante lembrar, novamente, que não podemos delegar a ninguém, a capacidade que temos de buscar dentro de nós a paz e felicidade, a cura.
Curar-se é perceber-se, é identificarmos que” somos fortes, acreditemos nisso! Coloquemos o pessimismo para correr e não chamemos ninguém para fazer o que nós mesmos podemos realizar”.
Todo esse processo, que estou chamando de Natal, nascimento, é o que muitos de nós estamos precisando urgentemente. Estou falando tudo isso não só por teoria, mas por vivencia própria. O processo de encontro conosco mesmos, não é fácil.
Exige decisões que muitas vezes identificamos, mas ao encontrarmos, precisamos analisar: posso fazer isso agora, preciso esperar por alguma coisa mais forte que nós, ou posso esperar um pouco? Mas se já identificamos o problema que nos faz sofrer, sabemos como resolver, já descobrimos o que falta para sermos felizes, assim como se prepara um enxoval para um bebê, podemos ir cuidando de nós, nos preparando, nos organizando, e já colocando em prática muitas coisas, que já podem nos levar às pequenas transformações.
Ainda, ouvindo nossos Benfeitores: “A palavra quando repetida com sentimento, tem o poder de alimentar um campo energético poderoso capaz de atrair o que a ideia expressou, nos trazendo alegria, dor ou sofrimento”. Como já estamos nos preparando para nosso renascimento, cultivemos os bons pensamentos, as boas ações, cuidemos de nossa saúde física e espiritual, de nossa aparência, nosso bem-estar físico, busquemos frequentar lugares que nos dão prazer, alegria e paz interior. Aos poucos, vamos nos percebendo mais bonitas, mais agradáveis e conquistando mais amizades e principalmente, uma enorme paz. Pois estamos atraindo e vivendo numa frequência mental que realmente nos eleva e nos proporciona a vida a qual Deus nos preparou. Sejamos felizes. Se aqui ou acolá tivermos uma queda, não se preocupe, nos levantemos e estamos belas e maravilhosas novamente.
Feliz Natal. Feliz e belo renascer, para cada um de nós.