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Culpa e Perdão

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Hoje volto à nossa proposta inicial neste espaço de trazer ao nosso leitor um pouco do conhecimento da Espiritualidade em alguns temas. Por várias questões vivenciadas nestes últimos tempos, ainda mais considerando a pandemia, surgiu a necessidade de falar um pouco deste sentimento que é muito abordado por várias vertentes espiritualistas.

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Fui buscar em algumas fontes o que eu poderia oferecer para nossa reflexão a respeito da culpa, e, por consequência, a respeito da responsabilidade que ela acarreta. Acredito que todos nós, em certos momentos, sejamos como pais, como profissionais, amigos ou familiares, tomamos algumas atitudes que despertam um sentimento que, na maioria das vezes, não o compreendemos. Não é fácil, em primeiro lugar, admitir um erro, por outro lado, o que nos levou a sentir tal atitude como culpa ou “erro”?

Para Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco na obra “Conflitos Existenciais”, a culpa age em nós pelo processo educativo; seja por parte da educação dos pais ou da formação na escola.

Tentarei abordar esses dois processos e como nos libertar desse pesado fardo que, para muitos, a culpa se torna. Ela pode permanecer em nós, em decorrência da educação que tivemos, como uma sombra do passado, se escondendo em nossa consciência por males que praticamos a outros. A culpa decorre da raiva que alguém sente de si mesmo, e surge com a sensação de algo que foi feito erradamente. Pode vir em nós desde outra existência, pois quando surgiu a primeira vez, já gerou um conflito de consciência. A autora espiritual nos diz:

Quando a ação foi desencadeada, a raiva, o ódio ou o desejo de vingança, ou mesmo a inconsequência moral, não permitiram avaliação do desatino, atendendo ao impulso nascido na mesquinhez ou no primarismo pessoal. Lentamente, porém, o remorso gerou fenômeno de identificação do erro, mas não se fez acompanhar a coragem para a conveniente reparação, transferindo para os arquivos do Espírito o conflito em forma de culpa, que ressuma facilmente ante o desencadear de qualquer ocorrência produzida pela associação de ideias, condutora da lembrança inconsciente. (pag. 73).

Ao ocorrer esse processo, o indivíduo desenvolve forte angústia, e vai em busca de ações de autopunição como delito libertador para a consciência, responsável pela falta cometida anteriormente, que se mantém em seus débitos intransferíveis. Nesta busca de autopunição, a pessoa pode desenvolver vícios ou atitudes que venham lhe trazer prejuízos, inclusive do ponto de vista moral, sem aparentemente, haver uma justificativa para suas atitudes.

Com essas informações oferecidas por Joanna de Ângelis, muitos comportamentos, identificados como patológicos, podem ser explicados; ainda, em situações adversas sem justificativa material, pode-se considerar até que algumas dessas patologias estão alojadas na matriz espiritual, e que nestes casos, se faria necessário tratamentos direcionados ao corpo físico e espiritual, sede do problema.

Considerando os casos em que a culpa é desencadeada pela má-formação educacional, principalmente quando esse processo não permite que a criança desenvolva sua verdadeira identidade, conspira para a instalação da culpa. O método adotado na escola, que em muitos casos, por ter uma disciplina altamente rígida, pode inibir o desenvolvimento da personalidade da criança, essa perde sua espontaneidade, a sua liberdade de pensamento, e sua visão de existência humana em pleno desenvolvimento.

Dessa forma, quando a escola apenas impõe, assim como os pais, estabelecem seus próprios critérios, que também já foram podados em seus processos de desenvolvimento, estão contribuindo para uma formação que mais tarde trará enorme prejuízo ao homem, já na sua vida adulta.

Em tais situações, as crianças acabam sendo, manipuladas por professores e pais, quando frustrados, transmitem suas próprias inseguranças, em detrimento do verdadeiro desenvolvimento da personalidade dos filhos, transformando-os em pessoas inseguras para o restante de suas vidas. Essas crianças que crescem sendo manipuladas pelos adultos, transformam-se em pessoas que não desenvolvem em sua consciência a verdadeira definição dos rumos existenciais. Criam-se frustrados, desenvolvendo ações voltadas para agradarem seus pais e companheiros de jornadas em detrimento do que é melhor para eles próprios como aprendizes que somos em todas as fases da vida.

É importantíssimo salientar a necessidade que, na vida infantil, a personalidade da criança seja formada na construção da consciência de si mesmos, pois essa formação facilitará, mais tarde, na vida adulta, o conhecimento do seu verdadeiro “eu”. Deve ser evitada a obrigação da criança em agradar seus pais e mestres, evitando o surgimento, de adultos com enormes conflitos e sentimento de culpa, quando não agem de acordo com a sua verdadeira personalidade. Os pais, principalmente, devem evitar moldar seus filhos para parecerem bons meninos, boas meninas, quando, em seus íntimos, estão sendo formadas pessoas frustradas, que perdem a direção do que é dignidade, e os referenciais do que é certo ou errado, pois seus “ formadores” não estarão por perto para ensiná-los a distinguir.

Essas personalidades, são aquelas que sentem dificuldades para se posicionarem diante das dificuldades, sem saberem dizer sim, quando for sim e não, quando for não. São os adultos inseguros para tomarem o rumo de suas vidas. Acrescenta ainda a autora espiritual: “ Os adultos imaturos (…) cobram o pagamento pelo que fizeram, dizendo-se abandonados, queixando-se de ingratidão, provocando sentimentos injustificáveis de culpa, conduta essa manipuladora e infeliz.

“A culpa é algoz persistente e perigoso, que merece orientação psicológica urgente”
Se faz necessário lembrar o sentimento de que erramos é fundamental, principalmente quando cometemos atos que não correspondem aos padrões da Ética e do equilíbrio. Quando perdermos essa noção de que algumas ações praticadas fogem a ética, estamos agindo com irresponsabilidade. Contudo, o sentimento de culpa, ou seja, a consciência do erros praticados atrelada a uma inatividade em relação à sua correção, faz mal a todos os envolvidos. Por uma parte surge a injustiça e por outra a culpa infértil.

Todos nós cometemos erros, no entanto, não podemos permanecer errando, devemos buscar seu antídoto e não desanimar e se voltar para o caminho ético e de elevação moral. A culpa e a paz não podem caminhar juntos, considerando que um, anula o outro. Entretanto, precisamos aprender que é urgente, em nossas atitudes, o exercício da compreensão da fraqueza que ainda habita em nós e, evidentemente, no outro.

A melhor forma de agirmos como criaturas que ainda estamos em aprendizado é a busca da libertação dessa culpa, que ainda nos aprisiona e nos impede de progredir. Ter coragem de pedir perdão e perdoar, são construções terapêuticas libertadoras.

Começamos esse artigo falando dos erros cometidos em nossa formação, mas se chegar o momento que identificamos esses erros, ao invés de nos aprofundarmos em algum sentimento que nos traga mais prejuízo, busquemos realmente os antídotos já apontados. Perdoar e pedir perdão é libertador. O sentimento de culpa nos deixa envergonhados pelos atos praticados, estes, se não corrigidos, se tornam irresponsabilidade e esse é um sentimento negativo que não devemos deixar que se desenvolva.

Para que nos tornemos pessoas mentalmente saudáveis, precisamos nos libertar da culpa, através da compreensão, do discernimento, e de reparações das ações praticadas equivocadamente e darmos prosseguimentos a estas, quando forem acertadas.

Se cada ação equivocada, identificada no outro e em nós, nos levar a desenvolver o sentimento de culpa, nos tornaremos pessoas psicologicamente doentes e perversas, pois, certamente, ao invés do perdão procuraremos, quando em nós, a auto sabotagem e, no outro, o desenvolvimento de sentimentos que apenas nos levarão a perseguição e a obsessão. Precisamos lembrar dos ensinamentos do Mestre: Perdoar não apenas 7 vezes, mas setenta vezes sete vezes. Estamos neste planeta porque temos muito o que aprender. Quando apontamos um dedo para o outro, temos quatro apontando para nós. Somos todos aprendizes.

E, ainda, quando perdoamos alguém, não é a ele que estamos libertando, mas a nós! Quando perdoamos, nos libertamos de grilhões que nos acorrentaram não só agora, mas em tempos tão longínquos, que não temos a capacidade ainda, de acessarmos esse espaço em nossas consciências.

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