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João Pessoa

Os seresteiros

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Eu me oriento por meio do passar dos acontecimentos que desfilam soltos em meus pensamentos. Eles vêm na maior sem cerimônia, e na maior sem cerimônia também desaparecem debaixo dos dias. Quando estou focado neles, o que acontece de vez em quando, chego mesmo a segurar alguns quase fisicamente, e, nisso, escrevo, descrevo partes da visão do mistério de tal fenômeno. São memórias, lembranças soltas pela caixa vadia dos movimentos internos, quais ondas de maior intensidade e inexistência, mas que têm a força de manifestar a presença em mim, também este ser inexistente que sacode as marés dos pensamentos e balbucia gestos e faíscas. Batem nos rochedos de praias desertas, e que deixo falar através das palavras e dos conteúdos.

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Por exemplo, hoje, ao lembrar tempos anteriores, quando ainda criança em Crato e vivenciava algumas atividades artísticas de cantores nascidos no meio da população e que permaneceram assim, só nascidos no meio da população sem chegar ao estrelato dos púlpitos. Eram mecânicos, alfaiates, sapateiros, vendedores ambulantes, pequenos comerciantes, caixeiros de loja, bancários, viajantes, pedreiros, no entanto resolviam e cantavam as modinhas do cancioneiro popular daquela hora, nas madrugadas frias, às janelas dos apaixonados, em programas de auditório das emissoras do lugar, nas praças, nas quermesses da igreja, nas festinhas de aniversários e outras comemorações.

Eles permanecem ali bem vivos nas suas apresentações de dentro dessa pretensa existência à margem das outras realidades que circulam soltas pelos corredores das memórias da gente. Maviosos intérpretes de sucessos que ainda hoje servem de trilha sonora àquele mundo teimoso sempre vivo na alma dos que o viveram. Recordo com relativa facilidade nomes quais Célio Silva, Luís Soares, Geraldo, José Flávio Teles, Peixoto e outros que trazem a fisionomia e precisaria persistir no esforço de lembrar até virem à tona. Havia, também, os músicos que lhes acompanhavam, todos virtuoses e consagrados entre os fãs fiéis que ouviam de olhos acesos, Audísio Gomes, Rivadávia, Hildelito Parente, Nélio Cleiton, Expedito Padeiro, estes que formavam o chamado regional, que dava o tom e mantinha a qualidade inesquecível das peças musicais dos saraus de boleros, sambas canções, guarânias, valsas, de que se sabe existir no mundo inteiro na mesma fase do tempo.

Conjunto Musical fez a trilha sonora de toda uma geração e muitos dos que lêem o blog hoje não existiram sem o clima romântico proporcionado por esta Banda.

Guitarra: Nélio C.Falcão
Cantor: Zé Flávio
Sax: Hildegardo Benício
Contra Baixo: Wandy
Ritmo (percussão): Zé dos Prazeres
Baterista: Tonico (atualmente na banda de música do Crato)
Trumpete: Haroldo, irmão de Tonico
Acordeon: Alexandre

Publicado no Blog do Crato em Agosto/2009

À época, uma era de inocência acústica e respeito ao silêncio, o tônico das inspirações restava por conta das bebidas alcóolicas, isto quase livres do que um dia já fomos da sonoridade agressiva desta intolerável tecnologia de penitência dos atuais paredões.

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