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O futebol , um esporte popular, será?

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Já escrevemos neste espaço sobre o futebol que  sem dúvidas é  o esporte de massa de maior preferência nacional. A comprovação do que afirmamos é perceptível pelo fato do Brasil, mesmo sem ser o país inventor do futebol ter vencido cinco copas do mundo, derrotando inclusive os Ingleses que foram os criadores e maiores divulgadores desse esporte. Ganhou a preferência nacional e internacional, sendo hoje em dia muito popular, sobretudo no Brasil,  na Europa  já tendo até boa aceitação nos Estados Unidos.

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Em um artigo passado, discorremos sobre o chamado esporte bretão, enfatizando a iniciativa de alguns clubes antigos do nosso futebol, os quais vêm adotando um método salutar de modernização administrativa, resolvendo abolir uma prática antiga, que vem desde a época da fundação dos referidos clubes. A consequência  foi a geração de um passivo astronômico que acabou por inviabilizar a grande maioria dos clubes do nosso futebol.

A nova política adotada, mesmo que tardia, tem se mostrado como a solução mais viável para o equilíbrio, tanto no aspecto econômico como financeiro. Foi a alternativa mais lógica encontrada para viabilizar o financiamento e o  crescimento das nossas  agremiações esportivas.

Essa era uma providência improrrogável para manter  tanto o  crescimento vegetativo dos clubes, como a necessidade de modernização.  O artigo já citado é da nossa autoria e foi publicado no dia 27 de setembro de 2021, com o título  O Segregacionismo  do Futebol que contribuirá na compreensão do tema que pretendemos  abordar.

Antigamente a gestão dos nossos clubes  era feita por abnegados  dirigentes torcedores, de forma amadora, com muita dedicação e poucos resultados. Usavam métodos incipientes baseados no paternalismo, como se estivessem gerindo o próprio lar.

A arraigada paixão clubista desses bem intencionados dirigentes, ao tempo em que acompanhava a duras penas o salutar crescimento das agremiações esportivas, nunca alcançava a necessária  sustentabilidade financeira.

Os clubes não dispunham  de receita suficiente e sempre viveram às expensas da boa vontade de diretores endinheirados, que muitas vezes sacrificavam o próprio patrimônio e terminavam falidos.

O profissionalismo ainda incipiente, era pautado pela paixão, aliada ao paternalismo que tratava  profissionais de futebol como filhos. O tratamento que lhes era dispensando era sempre  ditado pela emoção, onde não havia a obrigatoriedade de direitos e deveres a serem cumpridos por ambas as partes.

À medida que os clubes iam crescendo e a torcida aumentando  em número, os problemas cresciam proporcionalmente ao número de aficionados, cada vez mais exigentes por melhores jogadores e  por novas conquistas.

Com o advento necessário dos treinadores profissionais, dos preparadores físicos, dos supervisores e de todo um aparato material necessário ao dia a dia do clube, as  despesas também cresciam sem o correspondente crescimento da  estrutura que permanecia a mesma. A única fonte de receita era a bilheteria e os clubes viviam sempre à cata de um mecenas para aliviar as dívidas e fechar o caixa sempre em déficit crescente.

Os treinadores passaram a ser cada vez mais profissionais e, diante do voluntarismo dos diretores, enxergaram a oportunidade de ocupar o espaço  e exigir quando contratados, a contratação simultânea e sem critério, de um número de jogadores a ele ligados ou vinculados ao empresário que os indicou. A vida útil de um treinador no nosso futebol ainda é diretamente proporcional ao êxito que venham a alcançar, não resistindo a mais do que cinco derrotas seguidas.

Uma vez demitidos, sempre geram um passivo trabalhista devido não somente a ele,  treinador, que sai deixando às expensas do clube   uma herança de oito a dez jogadores de qualidade duvidosa, logo dispensados por “insuficiência técnica” pelo treinador chegante, que sempre traz consigo um lote de preferidos.

Essa rotina tornou-se um  ciclo vicioso aumentando a bola de neve do passivo  e provocando  a falência de dirigentes, que  não suportavam  o prejuízo sozinho diante da fuga dos seus pares. Com o abandono do clube o espaço administrativo foi ocupado pelos empresários que tomaram conta do pedaço e passaram a investir no clube,  pensando não no seu crescimento mas no usufruto pessoal.

A legislação esportiva mudou através de leis, como a pioneira Lei Pelé que acabara de deixar o futebol como jogador, para se transformar em empresário. Todavia as mudanças prescritas na referida  em lei,  em quase  nada beneficiou as agremiações esportivas, nem tampouco os atletas.

Essa incursão dos empresários decretou fim das divisões de base do clube, que sempre revelaram valores talentosos, com a justificativa de “redução de despesas”. Aqui na Paraíba o maior exemplo de êxito foi o do Campinense Clube, cuja escolinha revelou a grande maioria do plantel do que foi o  maior time da sua história, todo ele garimpado entre a garotada de um único bairro de Campina Grande para formar o lendário time de Zé Pinheiro. Com o desprestigio da escolinha, nunca mais o fato se repetiu.

A realidade da gestão passada  dos nossos clubes, fazia com que os seus dirigentes,  premidos pelas  torcidas cada vez mais numerosas e pelos os próprios conselheiros, eram quase  obrigados  a trilhar o caminho mais fácil que é o da contratação de jogadores de qualidade duvidosa, apenas por indicação do treinador e a pressão da torcida, sem o menor critério,  muitos deles eram de idade avançada ou lesionados.

Ainda à guisa de recordação de experiências exitosas tivemos outro belo exemplo que foi dado pela escolinha do Fortaleza Esporte Clube, la pelos idos da década de 1960. O clube tinha uma base de formação muito boa, dirigida por Moésio Gomes, um ex jogador do próprio  clube, que criou  um verdadeiro celeiro de bons jogadores.

Depois dessa fase as divisões  de base do clube e a saudosa escolinha do Moésio foi sendo secundarizada para priorizar a febre de contratações. O resultado é que o desprestigio foi desestimulando, o trabalho se dissolvendo e o clube nunca mais teve outra safra com tanta qualidade. Tempos depois ainda houve uma experiência exitosa com Jorge Veras que também foi abandonada.

Citar todos os nomes egressos da famosa escolinha do professor Moésio Gomes exigiria  muito espaço. Todavia em nome de todos eles devemos citar: Mario Cesar, Louro, Zé Paulo, Joaozinho, Luciano Oliveira, Neto, César Rebello, Ivan Frota, Mano, Amilton Rocha, Facó, Vanor Cruz, Alírio, entre tantos outros.

Aqui uma menção especial ao maior jogador de futebol que já surgiu no futebol cearense em todos os tempos que foi Mozart Araújo Gomes, o Mozarzinho, irmão mais novo de Moésio que se projetou aos 16 anos no Gentilandia e de lá, ainda menino foi para o Fortaleza, onde tornou-se o maior ídolo do clube até hoje.

Tudo isso foi praticamente abandonado, e afora um ou outro jogador como foi o caso de Clodoaldo, Dude e mais um ou outro, já na época de Jorge Veras poucas revelações surgiram.

O improviso sempre foi inimigo dos bons resultados, e a saída encontrada para acalmar a torcida era e ainda é a rotatividade de treinadores. A cada 05 jogos perdidos eram demitidos e a cada mudança eram necessárias novas indenizações para aumentar o passivo, e assim seguia o ciclo vicioso.

Quando a crise atingiu o ápice, surgiram jovens dirigentes torcedores do clube é verdade, pobres, porém com uma mentalidade diferente. Eles decidiram inverter o jogo e aposentaram os fundamentos administrativos obsoletos anunciando uma nova era. Para tanto tiveram que enfrentar o que muitos achavam impossível, que era bancar a revolução administrativa necessária, diante de uma torcida exigente.

Por esse processo de renovação passaram: o Clube Athletico Paranaense, o Esporte Clube Bahia, Esporte Clube Vitória, Ceará Sporting Clube e o Sport Clube do Recife para citar os casos que mais evoluíram, sem subestimar os esforços feitos pelo Clube Náutico Capibaribe, O Centro Esportivo Alagoano, Clube de Regatas Brasil que nos parece querer seguir o exemplo.

Os clubes que já estão em fase mais avançada de modernização, não obraram nenhum milagre que não fosse convencer as suas grandes torcidas da necessidade de mudança de mentalidade e pactuar com o conselho de administração, a realização de um trabalho de folego, de médio e longo prazo, que permitisse restabelecer o equilíbrio fiscal.

Para tanto teriam que trabalhar rigorosamente dentro de um orçamento-programa enquadrado rigorosamente na receita, não se permitindo gastar nada além do valor arrecadado. Teriam ainda que afastar os elementos geradores do desequilíbrio e, ao mesmo tempo promover a liquidação do passivo. As contratações deveriam se subordinar a um critério cientifico, e seriam norteadas por uma equipe permanente de especialistas como observadores permanentes.

Insistimos no exemplo do  Fortaleza por ser bem visível e  me ser mais íntimo, onde era imprescindível a construção de um moderno centro de treinamentos. A ideia central era a retomada da formação de atletas simultaneamente com o aproveitamento  do velho estadinho Alcides Santos, transformando-o num centro de excelência destinado ao treinamento, a recuperação e a concentração do elenco de profissionais. O centro é no município de Fortaleza, mais próximo, foi dotado de toda infraestrutura moderna para aperfeiçoar os métodos de treinamento e recuperação física dos atletas;

Aliado a tudo isso, um arrojado programa de marketing como forma de propiciar o alargamento da receita e divulgar a marca Fortaleza E.C. Essa prática salutar foi dando resultados e hoje, tanto a torcida como o conselho de administração, têm a clareza de que o plano foi acertado, já está rendendo os frutos esperados e é um caminho sem volta.

Tudo quanto temos falado sobre o Fortaleza é válido para as demais equipes citadas, cuja infraestrutura é até mais sofisticada. Não há de nossa parte nenhum propósito de  omissão, nem mesmo  dos feitos do maior adversário do Fortaleza que é o Ceará Sporting Clube, que também faz um belíssimo trabalho que antecedeu ao do Fortaleza. Todavia, como torcedor do tricolor de aço me perdoem, mas aqui o usarei o velho dito popular: “Mateus, primeiro os teus”.

Eis aí os frutos, que foram muito mais precoces do que o esperado e foram obtidos por clubes fora do eixo Rio/São Paulo, principalmente as agremiações do Norte e  Nordeste, sempre discriminadas. Algumas delas estão provando que a modernização que redundou em eficiência e evolução,  começou a dar resultados e  muito o que falar.

O 4° lugar conquistado pelo Fortaleza E.C. no campeonato nacional de 2022, foi o avant premiére de uma arrancada que com certeza projetará o futebol brasileiro e quem sabe voltaremos a ser campeões do mundo novamente.

É evidente que, como tudo na vida tem um preço, a diretoria responsável por essa conquista tem a obrigação de manter e aprimorar o que deu certo, sem  arroubos e  improvisos amadorísticos, de olhos voltados para a frase que gostamos de repetir: “É Preciso saber ouvir o canto da Sereia sem se jogar no mar!”

O canto da sereia a que nos referimos, é uma música sonora e sedutora que está sendo tocada  principalmente da Europa. Lá o futebol profissional tem sido praticado a peso de ouro, exibindo quantias astronômicas que nos coloca não somente uma, mas muitas pulgas atrás da orelha.

Pelas notícias que têm nos chegado, os clubes foram transformados em empresas privadas e estão em mãos de donos, onde o torcedor é apenas um detalhe.

São meros espectadoras que não podem ter com o clube nenhuma empatia e dedicar-lhe um mimo além da paixão. A superlotação dos estádios europeus, hoje em dia denominados  de Arena, (nome que nos faz lembrar os gladiadores do império romano) não reflete os bastidores. Os clubes foram vendidos a investidores em transações biliardárias e neles são praticados salários estratosféricos. As transações decorrentes das negociações de atletas são estratosféricas e nos faz crer que eles são os donos da receita. Ledo engano!

É exatamente aí que reside as nossas dúvidas para entender o que se passa de fato nos subterrâneos do futebol, como dizia o saudoso João Saldanha. Qual seria então  a real origem de tanto dinheiro? não vamos cair na sandice de condenar os atletas pelos salários que são praticados por clubes da Europa e do Oriente Médio senão depois a culpa será creditada aos jogadores o que é meia verdade.

A nosso ver essa fortuna incomensurável, representa apenas a ponta do iceberg e os altos salários que são pagos, são  apenas um pingos d’água. Quem pensa que o financiamento milionário do futebol europeu é oriundo da bilheteria e do direito de arena pago pelas emissoras de TV, pode estar redondamente enganado. É verdade que a receita citada existe e pode até ser representativa. Daí a pensar que é  única, pode ser um grande engodo, ou como se diz lá in nois, é um tapía!

A resposta real parece estar no perfil dos investidores que raramente aparecem e, são tidos como bilionários amantes do futebol. Esse amor exagerado nos cheira a meia verdade!
Temos no presente um exemplo bem claro que vem corroborar com a nossa suspeita.

Pelas notícias que correm mundo afora, o jogador de nacionalidade francesa Kylian Mbappé, que ganha uma fortuna no PSG da França, teria recebido uma proposta bilionária para se transferir para o Real Madrid, o que  o deixou bastante tentado.

Segundo a mesma noticia, o PSG teria feito uma contraproposta irrecusável a Mbappé, oferecendo-lhe um salário anual de 50 milhões de euros, o que corresponderia a 4,16 milhões de euros mensais.

Com o euro cotado a R$ 5,55  pela proposta do PSG ele iria perceber mensalmente a bagatela de R$23.088.000 (vinte e três milhões e oitenta e oito mil reais) e ainda mais, um “bônus anual” de mais 50 milhões de euros talvez “para comprar o queijo do natal.”

Nada contra o salário do rapaz ou de nenhum outro trabalhador da bola, por ter a certeza de que e se eles pagam uma quantia desse naipe é porque ganham mais, muito mais dinheiro e podem pagar!

Nossa dúvida é saber como podem custear tudo isso. Ora, se a equipe tem 11 jogadores titulares e pelo menos 19 reservas, se não recebem salários iguais a Mbappé, também não devem receber salários baixos. Afinal  em quanto importará as folhas de pagamento do PSG ou do Real Madrid?

A justificativa é que esse clube tem um investidor de nome: Nasser Al-Ghanim Khelaifi membro da família real do Qatar, ex jogador de tênis e torcedor do PSG que resolveu investir um dinheirinho no clube.

Mais recentemente há uma outra informação da ESPN que Mbappé esta mesmo decidido a ir para o Clube Merengue e a proceder deve ser por um valor ainda maior.

Vocês acreditam em tudo isso? Nós também não! Não são raras as noticias de lavagem de dinheiro aqui, ali  e alhures, além de relações nada republicanas entre clubes, empresários e federações, inclusive com a prisão de alguns dirigentes.


O que os leitores e internautas com certeza estão esperando é o arremate conclusivo do nosso artigo e nós só podemos fazê-lo consoante o nosso pensamento a nossa tese, que não se pretende soberana, estando aberta ao debate.

Entendemos que o nosso futebol não deve ser privatizado como é na Europa,  ele que juntamente com a praia são as únicas opções de lazer para a parcela do povão brasileiro que não pode auto  financiar o lazer.

Para nós a fila, a  praia e o futebol são os três  espaços mais democráticos que conhecemos e no caso dos dois últimos são os  únicos a propiciar um lazer barato para o trabalhador sofrido. No caso do clube de futebol com um dono, ele tira do torcedor a sensação de pertencimento.

Temos grande simpatia pelo trabalho coletivo, tanto que alimentamos  preferência pela orquestra, pelo corpo de baile, pelo   balé, e pelo  coro vocal, até de igreja.

Portanto não vacilamos em manifestar a nossa simpatia por  um  modelo híbrido  que pode perfeitamente ser adotado pelos clubes brasileiros, desde que esse modelo seja pactuado com a torcida e aprovado pelo Conselho de administração do clube. “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.”

Essa é uma forma de controle social do submundo do futebol que ainda não é pleno mas tende a ser.
Postamos uma   fotografia dos  centros de treinamento do PSV e do Real Madrid, os quais comparados aos centros de treinamento de alguns clubes brasileiros não se diferenciam em muita coisa.

Além disso temos alguns clubes brasileiros cujas torcidas são bem maiores do que as maiores torcidas dos clubes da Europa e alguns deles estão adotando o modelo de gestão própria e estão muito bem! É o caso do Flamengo que é uma marca e vem adotando o princípio da auto sustentação. Saiu de um passivo enorme, alcançou o equilíbrio fiscal e hoje é um time vencedor.

Por outro lado, estão começando experiências europeias e privatistas em clubes brasileiros como o Botafogo e o Cruzeiro, que chegando ao fundo do poço e em estado falimentar insustentável, fizeram essa opção, única saída que dizem ter encontrado. Essa nos parece uma experiência sem volta! Aguardemos para ver em que vai dar!

 

 

 

 

Consulta:https://www.dci.com.br/esporte/futebol/qual-e-a-fortuna-de-nasser-al-khelaifi-dono-do-psg/125621; Livro: Joao Saldanha Os Subterrâneos do Futebol;

Fotografias:http://www.espn.com.br/video/343427_presidentepsgnasserhttps://br.pinterest.com/pin-al-khelaifihttps://www.youtube.com;Fortaleza Esporte Clube (https://cassiozirpoli.com.br/apos-40-anos-bahia-muda-de-ct-agora-estruturado-no-ct-evaristo-de-macedofortaleza1918.com.br); CT do Atlético-PR é o mais procurado no Paraná pelas seleções da Copa | globoesporte.com;https://twitter.com/curiosidadeseu2/status/1023225324929253376;Os gestores da academia juvenil | Real Madrid CF

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