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João Pessoa

As benzedeiras

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Desde os primórdios, os seres humanos buscaram meios de sanar necessidades básicas como se alimentar e se proteger de fenômenos climáticos ou de possíveis predadores. também buscando meios de cura pela fé ou pelas condições que a natureza lhe proporcionara. Ainda temos práticas que unem a fé com a medicina ancestral para problemas de saúde mais corriqueiros. As benzedeiras, guardiãs do conhecimento das ervas medicinais e da fé são a prevenção, combate e cura de doenças em comunidades localizadas a longas distâncias de centros hospitalares. Assim como seu saber popular, a cultura contas sua importância em versos de cordel no folheto “as benzedeiras” do poeta Bodão Ferreira

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A seguir o cordel : As Benzedeiras 

Somos um povo formado
Por diferentes culturas,
Costumes, religiões
Crenças que ao tempo perduram
E muitas estão ligadas
A natureza da cura Quando não tinha hospital
Ou médico pra consultar
Nem mesmo uma farmácia
Ou era difícil chegar
Como as pessoas faziam
Pra da saúde cuidar? Em muitas comunidades
Estavam as benzedeiras
Que ajudavam as famílias
Em doenças corriqueiras
Algumas desempenhavam
O trabalho de parteira
P1
Muitas das ervas nativas
Ou trazidas no povoamento
Serviam com os ramos
Pra fazer o benzimento
Ou em chás e garrafadas
Como um medicamento Em tempos que não se tinha
Clínicas nem hospitais
As benzedeiras curavam
Com ervas medicinais
E ensinavam as famílias
Os saberes ancestrais E não estamos falando
De uma religião
Pois devido a história
Da tal miscigenação
Não tem nem como criar
Uma denominação
P2Eram saberes trazidos
Dos pretos escravizados
Dos indígenas daqui
Que foram aprisionados
Pela igreja católica
Esses foram catequizados Pra infecções, ferimentos,
Fratura, inflamação
Tinha sempre um remédio
E uma orientação
Mas antes a benzedeira
Fazia uma oração
As rezas eram também
Pra afastar mau-olhado
Pra levantar espinhela
E osso desconjuntado
Acabar com o fastio
Cobreiro e nervo triado
P3Com uma garrafa d’água
Rezava insolação
Cobreiro era rezado
Com um cano de mamão
Espinhela e peito aberto
Se usava um cordão Alguns desses costumes
Que até hoje não muda
Estando com mau olhado
A benzedeira lhe ajuda
Fazendo uma oração
Com um ramo de arruda Além da reza ainda tinha
Muitos dos ensinamentos
Passados para quem ia
Em busca do benzimento
Trazidos das benzedeiras
Com fé e conhecimento
P4Dependendo do problema
Se receitava um chá
Pra insônia: camomila
Ou casca de maracujá
Pressão alta: alecrim
Dor de ouvido: macassar Sempre pessoas humildes
Servindo a comunidade
Em casas muito modestas
Sem nenhuma vaidade
Muitas na zona rural
Afastadas da cidade Pinhão roxo no terreiro
Evitando más energias
Outras ervas na biqueira
Pra resfriado, alergia
Depois de um “Ô de casa!”
Um “Ô de fora!” se ouvia
P5Com um paninho na cabeça
Convidava pra entrar
Dentro de casa, oratório
Terço, imagem e altar
Ouvia bem o problema
Para poder começar
Um bater de boca baixinho
Com três raminhos na mão
Passando pela cabeça
De quem pediu oração
E em lentos movimentos
Uma purificação As vezes abria a boca
Como quem tava cansada
Dizia “É mau olhado!
Abra o ôi, camada.
Preste atenção na vida
Que é cheia de encruzilhada
P6Dependendo do quebranto,
Passava um banho cheiroso
Dizia os nomes das ervas
De um jeito caprichoso
“Se fizer, vai melhorar
Se não fizer, é teimoso ”E o tempo foi se passando
Muitas dessas faleceram
Poucas seguiram os passos
Ou nem se quer aprenderam
A tradição enfraquecendo
E muitos não perceberam Existe outro elemento
Que combate as tradições
É tal da intolerância
Que cria as perseguições
Muitas sofrem pré-conceito
De muitas religiões
P7Muitas param de benzer
Por medo da intolerância
De outros “religiosos”
Que tratam com arrogância
Sem entender de respeito
Espalham ignorância Ainda existem algumas
Que estão em atividade
Falta reconhecimento
E respeito à diversidade
E se tornam excluídas
De nossa sociedade Também não tem incentivo
A medicina natural
E sem ter conhecimento
De algo tradicional
Acabamos sem notar
Esse saber ancestral.
P8

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