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O rio seus encantos e mistérios

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Nas profundezas dessas águas e nos desvãos dessas pedras moram os mistérios que envolvem o rio. Tudo nesse lugar hipnotiza: a beleza da natureza, a solidão das pedras e a energia que o frescor das águas transmite; o canto aveludado da mãe d’agua, o silêncio ensurdecedor do lugar rompido de vez em quando pela a sinfonia dos pássaros e o coaxar dos sapos que num nado acrobático passeia tranquilo deslizando na correnteza. O zumbir das abelhas adoça o amanhecer e o chirriar das corujas assombra o anoitecer.

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As pedras guardam também seus mistérios; cheias de cavernas, grutas, fendas e frechas, elas formam desenhos de animais, humanos e até divindades, depende dos olhos de quem as contemplam. Os índios seus verdadeiros donos e primeiros habitantes cultivavam, celebravam e preservavam a natureza e o encantamento do lugar, criando lenda para explicar os mistérios que envolviam a vida e a origem das coisas, permeadas de criaturas estranhas e monstruosas influenciando determinados comportamentos e afastando intrusos na tentativa de preservação do espaço.

De beleza sem igual à água fascina e seduz quem a admira; a sua tranquilidade, frescor e a linearidade esconde perigos, moldada pelas pedras da sua profundidade a correnteza provoca um desequilíbrio no seu fluxo. É a correnteza que acorrenta e arrasta, levando para as profundezas os mais afoitos e desavisados que são tragados e arrastados pelos redemoinhos que num balé de canto esquisito e sinistro vai levando ao sumidouro de onde não saí nunca mais.

Debaixo de suas águas vivem animais grandes e pequenos, seres reais, míticos, místicos e encantados, acima delas esses mesmos seres alimentam o corpo, dão asas a imaginação do homem, e vida a outros mundos. É comum ouvir histórias de lindas donzelas que invejadas pela sua beleza são levadas ao mundo dos encantados, do invisível, aparecendo em noite de Lua Cheia na esperança que algum humano corajoso consiga quebrar a maldição que a aprisiona.

São inúmeras as variedades de peixes que dividem o espaço aquático como tartarugas, jacarés, lontras e botos. Cobras que de tão grandes se tornaram lendárias, assim, como o boto e a sereia. Serpentes que vivem adormecidas nas profundezas das águas, sendo um perigo muito grande acordá-la, pois seu despertar poderá ser o fim de uma cidade por onde o rio corre. Os rios carregam seus mistérios e encantamentos trazendo riqueza, abundância e prosperidade por onde passa, fertilizando a terra e a mente dos seus habitantes.

Do Amazonas ao São Francisco os mistérios acabaram se transformando em lendas que se perpetuaram através dos séculos na memória popular. A própria formação do Rio Amazonas é uma lenda, sua fauna, flora e tudo que lá habita são envoltos em mitologia, e as terras por ele banhadas recebem novas lendas e novos mitos, conforme o costume e crença da população do lugar.

.As lendas envolvendo as matas, as pedras e o rio assombravam as crianças da minha geração que cresciam ouvindo pais, avós, tios e vizinhos contarem o que poderia acontecer num possível encontro com esses seres, e, ao mesmo tempo nos fascinavam e nos envolviam naquele mundo fantástico do mistério e do desconhecido.

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