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Marchar é preciso, cantar é motivo canta Fagner

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Quando Raimundo Fagner leu Cecilia Meireles descobriu MOTIVO para musicar e popularizar seus poemas, e cantou porque o instante existiu e não viu tristeza e nem alegria na sua vida, viu poesia e se descobriu poeta.

O poeta se irmana com as coisas que escapam com rapidez, com as coisas fugidias da vida, porque, o poeta sente tudo, passa por tudo intensamente. Em algum momento ele é inteiro, em outros é metade, e, ainda em outros se faz pedaços; quando necessário se mostra claro e quando não obscuro, ele é semelhante ao instante que passa, ele passa com a sutileza de um felino, a discrição de uma serpente, voa alto como uma águia e se protege dentro da sua couraça como uma tartaruga. O poeta é único e outras vezes muitos.

Descobre no seu cantar a totalidade das coisas e da vida, a musicalidade corre nas suas veias, é sangue, e sangue é vida, vida é inspiração que possibilita o artista voar em asas ritmadas, voar através do pensamento e da imaginação, pensar naquilo que já se foi como naquilo que está sendo, porque, a vida passa e quando chega o momento da sua partida (morte), a voz do poeta cala, emudece e mais nada. E nesse momento a sua vida está completa. Não precisa ser alegre e nem ser triste, basta ser poeta.

Fagner continuou acompanhando a MARCHA que Cecilia puxou, sentindo saudades buscou novos caminhos e neles encontrou tudo menos a felicidade, tentando a todo custo encontrá-la correu para o violão e dedilhou versos inventados para aclamar e encontrar sentido na vida e dar vida aos sentimentos, mesmo assim, nada lhe trouxe contentamento, quem sabe se tivesse da natureza o gosto azedo e delicado da framboesa e através do seu perfume e beleza conseguisse esconder toda sua tristeza. Mas que bobagem! Moço não tem tristeza, e tomando emprestado o verso do contemporâneo Belchior grita em voz alta, assim como hino de exaltação a juventude: “Que eu ainda sou bem moço prá tanta tristeza e deixemos de coisa, cuidemos da vida, pois se não chega à morte ou coisa parecida, e nos arrasta moço sem ter visto a vida.” (Belchior, 1971).

E, na ânsia de reencontrar consigo mesmo e com a vida, sair daquele marasmo e trazer novo sentido para seu viver recorre ao compositor Tom Jobim que num momento de tristeza e sem ver saída compôs a música Águas de Março e viu um fio de esperança nos versos: “É pau, é pedra, é o fim do caminho é um resto de toco, é um pouco sozinho […. ] São as águas de março fechando o verão. É promessa de vida em nosso coração.” Assim como as águas banham o solo, banham também a alma e renova a vida, fechando o verão e fechando o inverno do nosso coração.

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