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Biodigestor gerando energia nas propriedades rurais

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São evidentes os sucessivos aumentos no chamado Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), também conhecido como “gás de cozinha”, o qual chegou, no período de 18/07/2021 a 24/07/2021, ao preço médio nacional de revenda a varejo de R$ 92,58 – dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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Em artigo anterior, publicado neste site em 27 de março, intitulado de “A diminuição do poder aquisitivo dos agricultores e o desuso do botijão de gás”, foi possível constatar que devido à perda do poder aquisitivo dos agricultores, o botijão de gás está sendo paulatinamente substituído pelo uso de lenha ou carvão no preparo dos alimentos. Medida esta, atualmente, concebida como sendo antiambiental, já que visa ao consumo de madeira – tradicionalmente chamada de lenha – para a produção de energia, a partir do desflorestamento de áreas de remanescente de vegetação nativa para fins rudimentares de preparo de alimentos no fogareiro – fogões rústicos – das residências nas comunidades rurais.

Em um panorama no qual o Brasil possui 5.073.324 estabelecimentos agropecuários – segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017 –,  cerca de 77%, ou seja, 3.897.408 são tidos como sendo da agricultura familiar e os mais afetados pelo atual cenário econômico.

A agricultura familiar, nos dias hodiernos, emprega – segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017 – cerca de 10,1 milhões de pessoas na atividade rural familiar e, de acordo com a Lei  Federal nº 11.326, de 24 de julho de 2006, e o Estatuto da Terra (Lei Federal nº 4.504, de 30 de novembro de 1964), a gestão da propriedade nessa categoria fundiária é compartilhada pela família e a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda.

É nesse contexto que desponta, como forma alternativa para a substituição do “gás de cozinha” e do uso de lenha ou carvão no universo das atividades relacionadas à agricultura familiar, a utilização do biodigestor, que, em linhas gerais, trata-se de uma câmara fechada na qual a biomassa – matéria orgânica de origem vegetal ou animal – passa por um processo natural de biodigestão anaeróbia, a partir da interação de diferentes microrganismos que atuam na ausência de oxigênio (isentos de ar), resultando na produção de metano ou biogás.

A nova matriz energética brasileira a partir da geração de biogás (mistura gasosa a gasosa de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), produzida a partir da decomposição anaeróbia de materiais orgânicos),  torna-se uma alternativa para a população rural, já que o gerenciamento de dejetos, excrementos ou esterco de animais (suínos, aves, bovinos, caprinos, ovinos, muares, eqüinos, dentre outros) e cascas de frutas são abundantes e podem ser reaproveitados em consonância com o de resíduos alimentares descartados pelas pessoas.

Segundo experimento realizado em 2020 em uma pequena fazenda no município de Laurentino (Microrregião do Alto Vale do Itajaí) no estado de Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) assessorou uma família de agricultores na implementação de um biodigestor de baixo custo e, de acordo com o extensionista rural Osnei Córdova Muniz, comprovou-se que os dejetos, excrementos ou esterco de animais produzidos por 1 vaca/mês são suficientes para a família economizar 1,5 botijão de gás, levando-se em conta a produção média de 50kg de dejetos, excrementos ou esterco por dia ao longo de 60 (sessenta) dias no biodigestor.

Para André de Paula Moniz Oliver (Instituto Winrock Brasil) e diversos outros pesquisadores (ver Manual de treinamento em biodigestão publicado em fevereiro de 2008), 1 litro de biogás produzido como fonte de energia é o equivalente a 0,45 litros de gás de cozinha, ou seja, para um botijão de gás que possui um volume de 31,5 litros é necessário a produção de  70 litros de biogás. É importante destacar que o biodigestor pode receber o material  proveniente não só dos dejetos, excrementos ou esterco, cascas de frutas, mas também de resíduos alimentares descartados pelas pessoas diariamente.

As experiências de uso dos biodigestores na região semiárida brasileira ainda são pontuais e contam em sua  maioria com recursos advindos de agentes financeiros (por exemplo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – Fida) que são implementados no âmbito de organizações sociais como a Organização da Sociedade Civil Cetra em Sobral-CEProjeto Dom Helder Câmara; e da organização social Diaconia de Recife-PE, só para citar.

O custo para a implementação dos biodigestores de baixo custo variam de R$ 2.900,00 a R$ 3.400,00 e envolve o emprego de mão de obra local a partir da mobilização social na comunidade rural. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética – EPE (criada pela Lei Federal nº 10.847 de 15 de março de 2004), a produção de biogás em biodigestores de baixo custo é inferior a 1% da produção nacional de biogás, conforme levantamento em 2015.

O uso de biodigestores proporciona a preservação dos recursos naturais, especificamente a florestal, com a diminuição do desflorestamento de remanescentes de vegetação nativa; minimiza os riscos de doenças respiratórias – graças à eliminação da inalação por fumaça – e elimina as fuligens advindas da queima de combustível sólido – lenha ou carvão vegetal – nos ambientes residenciais onde está instalado o fogareiro – fogões rústicos; propicia uma alternativa para o destino final e adequado de resíduos provenientes dos dejetos, excrementos ou esterco de animais, os quais produzem gases de efeito estufa lançados na atmosfera; e geram economicidade para toda a família, que não necessita comprar o botijão de gás mensalmente.

Não há dúvidas sobre a tecnologia social dos biodigestores e sua eficácia como alternativa sustentável e financeira, restando apenas às autoridades públicas fortalecerem essa prática no âmbito da agricultura familiar, a qual não conta com recursos financeiros suficientes, na sua maioria, para implementar tal prática tecnológica.

                           Biodigestor é fonte alternativa de energia

 

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