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Vamos pensar para poder agir?!

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Por: Thiago Silva

 Desde do dia que fui convidado pelo nosso querido João Vicente para me tornar colunista do seu site, iniciei um processo de reflexão sobre o que escrever. Será que escrevo sobre a área a qual profissionalmente tenho maior experiência? Devo escrever sobre assuntos mais gerais do nosso cotidiano ou sobre assuntos de que me interesso e que compartilham com poucas pessoas?

Contudo, algo que talvez seja uma miscelânea de todos esses anseios deste cronista iniciante começou a martelar na minha cabeça: Pensar global, agir local! Sim, este jargão da área ambiental que de tanto ser repetido, vem infelizmente perdendo seu sentido.

Talvez me fixei nesta frase por um motivo especial. Na primeira vez que ouvi João Vicente discursar, ele realizou uma análise de como as ações locais de um órgão ambiental influenciavam na política global, cumprindo assim, metas estabelecidas em acordos internacionais. Aquilo, para um jovem biólogo que estava tentando há 4 anos implementar Unidades de Conservação estaduais e buscando cumprir as metas de Aichi, soou como “você não está só nesta forma de pensar e agir”.

Outro motivo que me fez fixar neste tema, talvez seja meu atual momento profissional de estar trabalhando com desenvolvimento rural sustentável e percebendo como é fundamental as pequenas ações cotidianas que acontecem no dia a dia do homem do campo para que as florestas circunvizinhas continuem de pé e biodiversas. Isto tem me influenciando tanto positivamente que venho repensando muito sobre minha forma de agir individualmente e no coletivo.

Mas deixemos um pouco de lado os anseios daquele que vos escreve e façamos uma análise mais profunda sobre o tema proposto. Até onde sei, quem formulou essa expressão fora o sociólogo alemão Ulrich Beck (1944-2015), que tinha como principal tema da sua linha de pesquisa a globalização e as consequências que esse fenômeno produzia dentro das diversas perspectiva sócio ambientais.

É fato que rapidamente o movimento ambientalista absorveu esta ideia, e a inseriu em diversos dos seus manifestos. Hoje em dia, também conseguimos ver claramente sua influência nos desdobramentos estabelecidos pela ONU para a Agenda 2030.

Caixa de texto: Figura 1 - Objetivos do ODS. Fonte: Agenda 2030/ONU

Então qual a razão de parte da sociedade ainda não incorporar o entendimento de que cada indivíduo no seu agir, positivamente ou negativamente, gera uma consequência de mesma relação, e que cumulativamente, gera algo muito maior.

Acredito que nossa comunicação tem se tornando falha e pouco criativa quanto a isso. Minha professora de português instrumental da faculdade nos dizia que um objeto – seja o mais chamativo possível – se torna comum e passivo de se passar despercebido, se não houver uma contínua reflexão sobre aquilo que nos cerca. 

Concordo demais com ela. Levando ao tema dos resíduos sólidos, vejo as boas iniciativas de reuso de materiais perdendo a capacidade de nos inquietar quanto as nossas produções desenfreadas de “lixo”, por um simples motivo, estamos sem criatividade, montando sempre as mesmas coisas com materiais recicláveis. Por isso, aproveito para externar agradecimentos ao artista desconhecido que no final de 2020 fez um amigo engenheiro civil (daqueles bem cartesianos) refletir sobre os pneus velhos ao ver um conjunto de cadeiras e centro que estão expostos no Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA) em Glória de Goitá/PE, mas que poderiam também estar em tantas praças das diversas cidades deste país.

Outra reflexão importante e que perde no meu entendimento uma capacidade de ação exponencial é aquela estabelecida no Artigo 30 da Lei Federal 12.305/2020 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) quanto a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Sei que na escola das minhas filhas a professora explicam a elas a importância de segregar os resíduos de acordo com a natureza de cada um deles. Mas acredito que para um público mais adulto, nenhum agente público disse ao cidadão comum (incluindo esta professora e a mim mesmo) que temos essa obrigatoriedade legal de fazer, e que não o fazendo, estamos sendo tão irresponsáveis como aquele que produziu o item que consumimos e descartamos de forma inadequada. 

Neste último exemplo, é fácil para nós, apontarmos que o problema é do poder público o qual não estabelece estratégias de reciclagem efetiva, levando todo resíduo sólido para um aterro ineficiente onde tudo se mistura. Talvez, se conseguíssemos trazer uma reflexão mais profunda sobre nossa obrigação coletiva com isto, e iniciássemos individualmente a segregar mais nossos resíduos – sem mesmo se preocupar se vai existir um agente e uma usina de reciclagem – talvez as ações oriundas das instituições públicas conseguissem se efetivar de forma exponencial. Penso que este caso não é uma causa perdida: temos a campanha midiática contra o tabagismo como um exemplo exitoso de que uma imagem gera uma reflexão, e esta gera uma ação positiva de algo que prejudicava muito a sociedade.   

Espero que neste ano de 2021, com todas as reflexões que o último ano nos ofereceu, saibamos seguir por novos caminhos. Ao cidadão e cidadã comum, peço que reflita sobre cada ato seu, e como poderia agir de forma melhor e menos impactante. Para gestores públicos e privados, capazes de efetivar ações coletivas, sejam criativos e escutem a população. Só unidos, seremos capazes de nos perpetuar e evoluir.

Algumas Fontes:

http://www.agenda2030.com.br

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrich_Beck

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6 COMENTÁRIOS

  1. A questão do lixo é séria carecendo reflexão, iniciativa e educação. Ainda vejo muitos sujismundo, quem é da minha época conhece esse personagem, jogando pela janela do carro tudo que consumiu no interior do veículo, fazendo do transporte uma lanchonete e da rua um depósito de lixo. No interior das residências ainda misturam alimentos, vidros, plásticos,papel e para piorar a situação ainda acomodam em tambores sem sacos ou em sacos abertos, deixando nas calçadas antes do caminhão recolher, esses sacos são destruídos por animais de rua abandonados, outro grave problema, deixando as ruas sujas, fedidas e poluídas. Parece que a população quer se livrar do seu lixo e dos animais que inventam de criar, transferindo o problema para os outros. Precisamos conscientizar e educar. O caminho é longo, ainda há muito o que percorrer. Avante.

  2. Isso é fato Cristina, mas o caminho já foi muito mais tortuoso. Nós seremos sempre agentes de mudança e correção. Fico feliz sempre de vejo uma criança dando um puxão de orelha em uma pai sujismundo. Assim percebo que a cada geração se dá um passo para sustentabilidade. Avante!

  3. Verdade Anita, acredito que a cada geração esse percentual de conscientização aumenta. Às vezes as notícias trágicas nos espantam, mas se observamos a revolução silenciosa que acontece, acredito eu, que exista uma luz do fim do túnel!

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