Por: João Vicente Machado
“Qualquer um que fizer o mínimo esforço poderá ver o que nos espera no futuro. É como um ovo de serpente. Através das membranas finas pode-se distinguir o réptil já perfeitamente formado”.Hans Vergerus (personagem ficcional)
“Produzido pelo badalado Dino De Laurentis, com a colaboração de Ingmar Bergman, é possivelmente, a melhor reprodução cinematográfica sobre a República de Weimar, considerando além da recriação do período, as questões sociais, políticas, jurídicas, culturais, antropológicas e ideológicas; que propiciaram o surgimento do nazismo na Alemanha…”
Bergman elaborou o seu trabalho com base em uma meticulosa pesquisa histórica, para mostrar como uma sociedade dividida chegaria ao que chegou, como a Alemanha através do nazismo travestido de nacional-socialismo.
Até a 1° Guerra Mundial, a Alemanha era uma Monarquia que virou república e a pequena cidade de Weimar, hoje com mais ou menos 65 mil habitantes, do porte de Guarabira na Paraíba, foi escolhida como a sede do governo liberal que se instalava, com a missão de recuperar o país destruído pela 1° guerra mundial, numa tarefa quase impossível em curto prazo, dada a situação de devastação em que o país ficou
Os alemães estavam às voltas com algumas questões de fundo, que obstaculavam uma ação administrativa exitosa.
Bergman construiu a trama com riqueza de detalhes, mostrando o período confuso, violento e instável da Alemanha de 1923, ambientando o filme entre 03 e 11 de novembro, semana do Putsch de Munique, (tentativa de golpe de estado perpetrado por Hitler e seus aliados).
A Alemanha vivia o pós-guerra, num cenário de fracasso industrial, com uma inflação incontrolável, medo, insegurança e um profundo descrédito, repercutido diariamente pela poderosa máquina de propaganda nazista, xenofóbica e racista, agravados por uma crise jurídica que silente, avalizava toda ação ilegal dos golpistas sem nenhuma restrição aos infratores, (quanta semelhança com fatos de hoje no Brasil!).
A república de Weimar que viria à posteriore, ou por falta de condições políticas, ou por acumpliciamento, não promoveu uma necessária reforma no judiciário, sendo esse um dos seus grandes erros.
A crise moral, muito explorada por Hitler e seus seguidores, agravada pela imposição da assinatura do tratado de Versalhes, que pôs fim à primeira guerra mundial, foi a pedra de toque usada pelos nazistas como bandeira política.
Esse clima político propiciou o crescimento vertiginoso do fanatismo, do antissemitismo, do anticomunismo e o clamor público por manu militari, para lavar a honra da Alemanha enxovalhada, foi terreno fértil para o crescimento popular vertiginoso de Hitler e do nazi fascismo, prometendo o resgate da honra alemã.
Não vamos nos ater aos detalhes do filme, esperando que os leitores vejam aquele que é um dos melhores espetáculos cinematográficos do cinema, de cunho histórico, que revela uma prática muito atual em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, onde há um projeto nazifascista em implementação, com os mesmos ingredientes usados àquela época sombria, onde grupos políticos afins trabalham em conjunto para afastar os obstáculos.
Eles não têm compromisso com o país, muito menos com a nação e se constituem não em um ovo só, mas numa ninhada de ovos de serpentes a ponto de eclodir.
Quando assistimos muitas das práticas e dos métodos da propaganda nazista, que tinham à frente Joseph Goebbels recrudescerem no mundo, vamos enxergar à frente dos órgãos de governo, quadros políticos orgânicos do establishment, dedicados à moagem da reputação das nossas melhores lideranças.
Aí começamos a entender que está em curso um profundo retrocesso político, econômico e social, usando os mesmos métodos da gestapo. É oportuno rever e analisar os onze princípios criados por Joseph Goebbels, para perceber quão atual estão eles, para os neofascistas tupiniquins, tal qual o decálogo de Moisés para os hebreus e para a humanidade:
1.- Princípio da simplificação e do inimigo único:
Simplifique, não diversifique. Escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem e concentre-se em um, até acabar com ele.
2.-Princípio do contágio:
Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um líder, até então perfeito mostrando como o presente e o futuro está sendo contaminado por este inimigo.
3.-Princípio da transposição:
Transladar todos os males sociais a este inimigo.
4.-Princípio da exageração e desfiguração:
Exagerar as más noticias até desfigurá-las, transformando um delito em mil delitos, criando assim um clima de profunda insegurança e temor, que gere uma indagação aflita, tipo: “O que nos acontecerá?”
5.-Princípio da vulgarização
Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.
6.-Princípio da orquestração:
Fazer ressonar os boatos até se transformarem em notícias, sendo estas replicadas pela “imprensa oficial’.
7.-Princípio da renovação:
Sempre há que bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o receptor não tenha tempo de pensar, pois está sufocado por elas.
8.-Princípio do verossímil:
Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas em contra do inimigo escolhido. O objetivo deste debate é que o receptor, não perceba que o assunto interpretado não é verdadeiro.
9.-Princípio do silêncio:
Ocultar toda a informação que não seja conveniente.
10.-Princípio da transferência:
Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato, se acresce com um fato que tenha acontecido antes.
11.-Princípio de unanimidade:
Busca convergência em assuntos de interesse geral, apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los em contra do inimigo escolhido.
Fica bem claro tratar-se de um projeto de dominação com ações programadas e que para os atores o alvo é dirigido a qualquer um que ameace os interesses da classe dominante, Hoje nós estamos vivendo e assistindo o desenrolar de um Lawfare no Brasil e na Paraíba, onde aplicam, ipsis liters os 11 princípios de Joseph Goebbels, àqueles que se contrapõem aos seus interesses. Aqui na Paraíba, o alvo principal foi o ex governador e ex prefeito Ricardo Coutinho.
Repetimos Jonn Donne autor do texto da contracapa do famoso livro de autoria de Ernest Hemingway, Por Quem os Sinos Dobram:
“Nenhum homem é uma ilha, um ser inteiro em si mesmo: todo homem é uma partícula do Continente, uma parte da terra. Se um pequeno torrão é carregado pelo mar, deixa menor a Europa, como se um promontório fosse, ou a herdade de um amigo seu, ou até mesmo a sua própria. Também a morte de um único homem me diminui porque eu pertenço a Humanidade. Portanto, nunca procures saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”
Consulta: www.pçanocrítico.com/crítica-o-ovo-da-serpente;
Por quem os sinos dobram: ErnestHemingwuey
Fotografias:sul21.com.br;