Por: João Vicente Machado
O liberalismo tem fundamentos econômicos que mesmo disfarçados e maquiados, não consegue esconder as suas contradições profundas.
Os país do liberalismo econômico, Adam Smith e David Ricardo, venderam ao mundo a ideia de que o mercado é o senhor absoluto da macroeconomia e a ele conferiram poderes sobrenaturais, dotando-o de uma mão invisível para controlar o seu humor.
A expressão de língua francesa Lassez-faire, simboliza o que há de mais sui generis no liberalismo econômico e apregoa que o mercado deve funcionar livremente e sem nenhuma regulamentação: “deixar fazer, deixar passar’”.
Quando discutimos economia com partidários desse segmento político e falamos em economia planificada, somos imediatamente taxados de comunistas, o que, aliás, muito nos honra por estarmos do lado que julgamos racional. Todavia, esse tratamento é revestido de um ódio incontido como se nós tivéssemos arrancado-lhes as vestes e os deixando nus. Não sabem eles que se comunismo fosse ruim já nos teria chegado de há muito.
“O que prevalece hoje na arena mundial é o que Marx chama de anarquia da produção, cujo motor é a competição…”.
A planificação econômica não proíbe ninguém de produzir, ela apenas indica o quanto e o que deve ser produzido, não para atender ao mercado, mas para atender as prioridades internas do país e as necessidades da nação.
Na economia planificada o planejamento é feito por especialistas, para embasar, definir e regular a produção, de modo a não haver escassez ou abundância de produtos que provoquem alteração de preços. Isso tem nome, racionalidade!
Nas duas últimas semanas, assistimos a ascensão descontrolada dos preços dos alimentos de um modo geral e em particular de dois vilões: o arroz e o feijão que protagonizaram um baião de dois inflacionários e financeiramente indigesto.
Em busca da causa desse desarranjo, nos voltamos para a economia interna e nos deparamos com um cenário de salários congelados, todos os trabalhadores “com a granada no bolso até 2022”, um grande número de trabalhadores desempregados ou subempregados, e um outro tanto na economia informal, que compõem um alarmante exército de 70 milhões de trabalhadores.
Desnecessário dizer que esse quadro atingiu e feriu de morte a poupança interna e o poder de compra da maioria da força de trabalho foi reduzido à ração de subsistência.
Com a desvalorização da nossa moeda frente ao dólar, cotada hoje a R$5,30 e sabedores de que todas as exportações são contratadas em dólar, o produtor brasileiro prefere negociar o arroz e o feijão brasileiro no mercado internacional, dando às costas parra o mercado interno, sem nenhuma ação reguladora do governo brasileiro que tem o mercado como semideus.
Vemos agora a noticia que o gigante Brasil, com 65 milhões de hectares de área plantada, vai importar alimentos da Tailândia e dos Estados unidos para ajudar a mão invisível do estado a nos “afagar.”
Na medida em que a nossa indústria de transformação foi sendo sucateada e passamos a depender quase que exclusivamente da exportação de commodities para equilíbrio das nossas contas, estamos à mercê da anarquia da produção.
“Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”.
Fonte;https://fundacaofhc.org.br/
Fotografias:https://atomicagro.com.br/