Pense, pense depois fale

Por: Neves Couras;

Em um dos meus Reels essa semana, falei de um depoimento que vi nas redes sociais sobre uma mulher, ainda jovem e muito bonita, que falava de sua tristeza ao passar por uma jovem em um lugar público, e essa havia olhado para ela e em voz alta dito: “que mulher feia, careca!

No pequeno vídeo a mulher sem cabelo passa a relatar a tristeza que sentiu no momento, e das dores e sofrimento que estava passando em função de um câncer. Acentuava o sofrimento causado pela quimio e rádio terapias. E que ninguém que não passa por isso tinha a capacidade de julgar sua beleza.

Volto a falar desse tema pois eu também já senti em minha própria pele, literalmente, a dor de uma doença que nos afeta não só os órgãos interiores, mas principalmente, o maior de nosso corpo humano: a pele. Já tive a oportunidade de falar aqui algum tempo atras a respeito dessa doença.

Muitas vezes me perguntam por que sou espírita. É uma longa história, mas vou tentar resumir: em 1987 minha segunda filha estava com 18 meses e ainda não falava. Ela só pronunciava papai e mamãe, por mim tudo bem. Mas, ela nasceu com uma mancha na pele que hoje, nós pesquisadores poderíamos chamar de marcas de nascença. Mas à época, após muitos conselhos de colegas de trabalho, em função desse sinal e da demora na fala, levei-a a um neuropediatra.

Como sempre foi, lá vamos as duas para a consulta. O médico após um exame minucioso e traumatizante para ela, que fez com que ela não pudesse ver ninguém de branco que se apavorava, o referido médico chega com o resultado: “Mãe, se prepare que sua filha vai ficar atrofiada ou anã. Senti o mundo cair sobre minha cabeça. Eu chorava desesperadamente e sozinha naquele momento, não tive com quem dividir tanta dor.

Ao chegar em casa, repassei o diagnóstico para os familiares e o pai. No entanto, a dor maior foi em mim. Três dias depois, estava eu com uma manchinha no braço, e posteriormente, meu corpo parecia uma ferida.

O primeiro dermatologista que fui, durante a consulta, tirou um livro da prateleira que parecia conter as fotos de meu corpo. O diagnostico foi: “Liquem Rubro Plano”. Para encurtar a conversa, nasceu aí um dos problemas de pele que me acompanham até hoje. Todos causados por sentimentos. Procurei médicos em vários estados, e a conclusão era sempre a mesma, ainda que depois de tantas biopsias e exames: “não conclusivo”.

Aprendi com tudo isso, em minha própria pele, o que é rejeição. Das pessoas por onde eu passava e, de algumas como dessa moça que achou que a mulher careca estava feia, nojo ao se aproximar.

Voltamos às questões do desrespeito, da falta de educação, de generosidade e amor pelo outro.
Você não sabe a dor que estamos vivenciando nestas e em outras situações. Então por favor, vamos pensar antes de falar. Quando nos colocamos no lugar do outro, tudo parece mais humano e mais generoso.

Além de tudo essas questões aqui colocadas, as pessoas que estão passando por algum problema de saúde ou não, ficam muito vulneráveis. Sendo assim, se não puder ajudar, pelo menos não contribua para mais sofrimento. Quando ficamos vulneráveis, nossas células se tornam com menos capacidade de reagir e contribuir para qualquer processo de cura. Para muitas pessoas como essa linda mulher “careca”, esse comentário pode contribuir para um processo depressivo e a doença tomar rumos mais difíceis para cura.

Assim, pensemos antes falar e novamente, se coloque no lugar dou outro. E respondendo por que me tornei espírita e porque incontáveis pessoas se voltam para religião: o processo de cura não é apenas uma questão fisiológica em que precisamos apenas de remédios, precisamos de bem estar, de acolhimento. E é, muitas vezes, a religião que nos dá o que nos falta nos hospitais. Ah! Com relação a minha filha, é linda e perfeita.

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