
Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Premissas Científicas e Culturais
Embora tenhamos vivenciado nos mais recentes 50 anos um significativo avanço científico e tecnológico, as premissas que regem a ciência formal contemporânea ainda estão baseadas no modelo mecanicista consolidado no Século XVIII, cujos movimentos culturais e científicos foram iniciados no Século XVII (do ano de 1.601 até o ano de 1.700 d.C. do Calendário Gregoriano), tendo como expoentes René Descartes, Francis Bacon e Sir Isaac Newton.
O modelo mecanicista e a visão cartesiana vêm predominando desde o Século XVII, se centrando na revolução científica, no avanço do heliocentrismo e no racionalismo. A principal característica do mecanicismo é que esse paradigma observa os fenômenos de modo isolado e as pessoas são consideradas como elementos do processo, onde os sentimentos e emoções não granjeiam relevância.
Pelo mecanicismo a realidade é objetiva, linear, determinista, reducionista, sendo governada por leis exatas e imutáveis. Tudo é comparado ao funcionamento de uma máquina bem engrenada, sendo esse o motivo pelo qual o relógio foi considerado seu símbolo máximo, representando tanto a Vida quanto o Universo.
A partir do mecanicismo, tudo o que existe no mundo passou a ser visto como uma “máquina”, excluindo a emoção humana e sua grande influência na vida. Entretanto, naquela época, esse modelo foi essencial para compreender a realidade e empreender muitos avanços para a sociedade. Através dessas premissas chegamos a toda a tecnologia, inventos e facilidades de nossa época atual. Portanto, não se deve desmerecer nem mesmo esquecer toda a magnífica contribuição desse modelo para a humanidade, a vida humana e todos os seus processos.

Porém, em razão das mudanças no cenário mundial e também nas novas demandas em todos os segmentos da sociedade, agora no Século XXI já estamos empreendendo uma espécie de passagem das premissas estabelecidas no Século XVII para aquelas concebidas e demonstradas a partir do começo do Século XX, através da contribuição de inúmeros cientistas e pesquisadores. Profundas transformações estão em curso e isso não ocorre por mero modismo, mas sim, pela crescente ampliação da percepção de pensadores, assim como também pela aceitação daqueles que já estão aptos a pensar de modo mais abrangente, alargando horizontes e abraçando uma visão cada vez mais ampla.
Apenas para citar alguns destes inúmeros cientistas e pensadores que introduziram as sementes de transformação nos paradigmas no Século XX, temos um seleto grupo: Albert Einstein (físico teórica), Peirce, Saussure, Louis Hjelmslev, Umberto Eco, Jakobson, Morris e Greimas (semiótica – com seus sistemas de significação), Stephen Hawking (físico e cosmólogo), Helge von Koch (geometria, fractais), Carl Gustav Jung (símbolos, arquétipos, sistemas mitológicos, inconsciente coletivo), Nikola Tesla (inventor – engenharia eletromagnética), Bárbara Ann Brennan (pesquisas com o campo de energia humana), Jerome James Gibson (psicologia, enfoque ecológico da percepção visual), Amit Goswami (físico quântico), Michio Kaku (físico teórico, professor e co-criador da teoria de campos de corda), Deepak Chopra (medicina e consciência), Fritjof Capra (físico, escritor e promotor da educação ecológica).
Cenário Geral
As substanciais transformações que estão em curso não podem ser classificadas de modo banal, como tem sido afirmado por uns poucos, de que se trata de uma retomada isolada ao movimento hippie das décadas de 60 e 70. Um ponto de destaque é que o movimento neo-hippie ganhou espaço módico entre alguns jovens a partir de 2008, portanto não possui número expressivo de adeptos, não tendo peso suficiente para influenciar ou representar a evolução substancial que está ocorrendo com os conceitos de vida para a humanidade contemporânea.

Ao contrário, se trata de um momento de grande envergadura, pela compreensão alcançada e revelada de muitos pensadores no Século XX e no início do nosso século. Essa nova abordagem concebe que tudo está interrelacionado, havendo uma correspondência entre todas as coisas que se tocam mutuamente. Ao mesmo tempo, os eventos e processos ganham novas variáveis, a exemplo do observador que influencia nos fluxos e resultados de cada experiência ou vivência.
O aspecto fundamental desse processo é que a mudança que está em curso, requer que façamos a “ponte” entre as premissas estabelecidas no Século XVII para aquelas iniciadas no Século XX, avançando quanto ao paradigma que permaneceu por mais de 400 (quatrocentos) anos no nosso meio.
Não significa que abandonaremos todas as conquistas e avanços que esse modelo trouxe consigo, mas, que aproveitaremos o que é possível diante das novas demandas que surgem e agregaremos novas abordagens e princípios, trazendo mais opções e mais variáveis nos processos.
Logo, no nosso Século XXI deverão ser consolidados novos modelos e premissas, de acordo com o avanço do nível de consciência da humanidade, adequando-se também à realidade atual.

É uma transição necessária e pungente, pois os modelos do Século XVII não se sustentam, por exemplo, diante do aumento populacional; da mudança de perspectiva em focar na saúde e cura integral ao invés de apenas tratar de sintomas isolados de doenças; do atual modo de produção; do rumo que tomou a economia; do fenômeno da globalização e da comunicação instantânea entre pessoas ao redor do mundo; da crescente exaustão de recursos naturais; e também, em função do avanço e das descobertas já realizadas em todos os segmentos no planeta.
Estima-se que no ano de 1.500 d.C., a população mundial não ultrapassava os 500 milhões de habitantes, atingindo no ano de 1.802 d.C. a casa de 1 bilhão e em 2011 d.C., alcançou o patamar de 7 bilhões de habitantes. O aumento populacional em relação aos recursos naturais e às fontes de alimento torna indispensável uma modificação nos sistemas que os envolvem, em especial quando o assunto recai nas sementes e grãos genericamente moficidados, no uso indiscriminado e agressivo de agrotóxicos e agentes que têm trazido muitos males tanto à saúde quanto á vida em geral.
Hoje, a situação mundial é completamente diferente daquela existente no Século XVII em todos os aspectos.
E nesse contexto, nós precisamos entender um ponto fundamental: nenhum sistema sobrevive se não estiver em constante movimento e mutação, se adequando a novos parâmetros e padrões, novas demandas e novas descobertas.

Ciências Emergentes
As abordagens, Sistêmica e Holística, estão inseridas nas ciências emergentes.
A Abordagem Sistêmica é uma metodologia que busca conjugar conceitos de diversas ciências para o estudo e compreensão de determinado fenômeno. Nela, cada objeto de estudo possui diversas dimensões e facetas que podem ser estudadas e entendidas por diversas ciências conjuntamente. Ela foi preconizada pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy na década de 50, através de sua elaborada teoria interdisciplinar, que é capaz de transcender aos problemas exclusivos de uma ciência vista isoladamente, adotando-se princípios gerais e modelos gerais para várias ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada uma destas ciências pudessem ser utilizadas e guardar correspondência entre si. Essa teoria foi denominada de Teoria Geral dos Sistemas. Nesta visão sistêmica, o universo é um organismo que engloba tudo e possui uma dinâmica de interconexões, que formam uma malha viva que liga todos os elementos que a compõe, sendo na realidade um complexo sistema que evolui conjuntamente, com plasticidade e de modo não-linear. A tônica do conceito holístico é a visão do todo, logo, tudo está conectado e sofre influências mútuas de modo dinâmico.
Com a inserção dos conceitos de interconexão e, por consequência, de transdisciplinaridade, é irremediável a associação da ciência com os conceitos de espiritualidade onde o todo também deve ser considerado no cenário estudado.
Seguindo essa dinâmica, o “Pensamento Sistêmico” é uma abordagem em contraposição ao pensamento “reducionista-mecanicista” herdado dos filósofos da Revolução Científica do Século XVII (Descartes, Bacon e Newton). Ele não nega a racionalidade científica, mas acredita que ela não oferece parâmetros suficientes para o desenvolvimento humano, e por isso deve ser desenvolvida conjuntamente com a subjetividade das artes e das diversas tradições espirituais. Esse pensamento é visto como um dos componentes do paradigma emergente, que tem como representantes cientistas, pesquisadores, filósofos e intelectuais de vários campos. Por definição, o pensamento sistêmico inclui a interdisciplinaridade.

A Abordagem Holística: observa a totalidade, considerando o TODO e levando em consideração as partes e suas interrelações. O termo “holismo” significa que o homem é um ser indivisível, que não pode ser entendido através de uma análise separada de suas diferentes partes e que cada parte faz participa e interage nesse todo. Se utilizarmos esse conceito em uma “empresa”, ela não poderá mais ser vista como um conjunto de departamentos que executam atividades isoladas, mas sim como um conjunto único, um sistema aberto em contínua interação e movimento.
Nesse campo também surge a Noética, que vem estudando os fenômenos da consciência através de experimentos científicos, evidenciando a influência e participação direta da mente e da consciência no plano concreto e na vida prática diária. Nessa abordagem, a consciência é o foco. Ela precisa se expandir, ampliando a percepção do universo circundante e estar bem treinada para exercer os dons e talentos natos, além de influenciar adequadamente e eticamente todo o ambiente ao seu redor.
O termo “Noética” se origina do grego “nous”, que significa “mente”, é uma disciplina que estuda os fenômenos subjetivos da consciência, da mente, do espírito e da vida a partir do ponto de vista da ciência. Na qualidade de conceito filosófico, o termo define em linhas gerais a dimensão espiritual do homem.
Entre as ciências emergentes, para demonstrar também um contexto de unicidade e coesão, de que todos os sistemas estão entrelaçados, desde os sistemas sociais, institucionais e naturais, a Ecologia Profunda, preconizada por Fritjof Capra, descortina novos horizontes para a humanidade.

O conceito de Ecologia Profunda estabelece uma nova compreensão científica da vida em todos os níveis dos sistemas vivos, englobando organismos, sistemas sociais e ecossistemas, e tudo é visto como interdependente, não podendo ser estudadas separadamente. Ela é fundamental para resgatar o elo entre o ser humano, a natureza e o que há além de ambos. Ao invés de explorar a natureza indiscriminadamente, a humanidade deverá guardar uma relação respeitosa e amigável com ela, reconhecendo que seus recursos não são ilimitados e que precisa haver regramentos e alternativas para que eles não se tornem escassos ou mal distribuídos pelas populações como ainda ocorre atualmente.
Decorrentes também do avanço da ciência, abraçando fenômenos antes não aceitos por ela, vemos que hoje em dia há movimentos e grupos que crescem vertiginosamente, focados no comportamento humano, na farmacologia natural, na alimentação sem agrotóxicos e na autossustentabilidade.
Hábitos e Comportamentos
Exatamente por ter sido considerado como uma máquina por quatrocentos anos na visão cartesiana e no modelo mecanicista, sendo-lhe negadas as emoções e os sentimentos, subtraída a vivência em um ambiente do campo e a obrigação de permanecer nos centros urbanos para ganhar o pão de cada dia, o homem experimentou a “expulsão do paraíso” pela segunda vez.
Agora o cidadão precisa ter um emprego, passando o dia longe da família, sem ter mais o apoio direto dos pais e avós, como acontecia antes da revolução industrial. Foi perdida a convivência cotidiana com os mais velhos e mais experientes que ajudavam no crescimento interior, na formação do caráter e na adoção de valores nobres. Isso gerou a desconexão ao eu interno, resultando na perda do elo vivo que cada ser humano possui potencialmente dentro de si, dos dons e talentos que devem ser aprimorados em benefício de si mesmo e de terceiros. E o ser humano apartado de seu ser interno, fica a mercê de subterfúgios, de muletas, de novos nomes para velhas práticas, permanecendo na superficialidade de sua psique.

Com o tempo esse fato também gerou a situação de abandono dos mais velhos em tradicionais casas de idosos, sendo-lhes negado o papel que anteriormente lhes era assegurado e respeitado. Essa situação foi se solidificando até gerar um crescente e generalizado caos emocional, fazendo com que as pessoas se sintam cada vez mais solitárias ou excluídas, apesar dos meios de comunicação serem instantâneos. A perda do contato, do calor humano e da espontaneidade gerou uma série de anomalias no comportamento da sociedade.
O ser humano hoje também padece do torpor psicológico por ter que aparentar um status imposto pela mídia, gerando a falta de aprofundamento em si mesmo, e a fuga de suas sombras, escondendo-as embaixo do tapete. Quando elas chegam ao ponto de ebulição, geram surtos ou atos irracionais. Com o esvaziamento das igrejas, sem buscar a ajuda do pároco que antigamente lhe ouvia as confissões, nem do familiar mais experiente para dar-lhe dicas nas suas necessidades emocionais, a quem recorrer para receber suporte em tempos difíceis?
Religar e Restaurar
Com as anomalias da sociedade atual, cujos modelos estão inadequados às novas demandas, surgiram grupos que oferecem esse “suporte”, tendo se formado uma verdadeira indústria de “autoajuda”, que proliferou para atender à busca desse segmento de “mercado”.
Porém, precisamos ter o cuidado de observar a essência e a filosofia que norteiam essas ofertas, para que se tenha a certeza se elas guardam alinhamento com nossa vida e os princípios que desejamos adotar. Há grupos e organizações religiosas que oferecem gratuitamente conhecimento, vivências e suporte emocional, ao custo quase zero, que na maioria das vezes é mantido pelos “fiéis” com serviços voluntários, sem onerar em quase nada os seus orçamentos pessoais e seus recursos disponíveis.

Ao contrário, há outras entidades que transformam a oferta de autoajuda ou “salvação” como um “negócio” altamente lucrativo para si, conforme tem sido amplamente denunciado em revistas e jornais sérios. Para a livre escolha das pessoas, existem várias igrejas que se devotam gratuitamente em orações, imposição de mãos ou passes magnéticos para harmonização e cura, obedecendo aos seus próprios ritos e conjunto de valores, além das atividades que desenvolvem com o objetivo de realizar a religação do ser humano com o mundo espiritual (religare).
O número inimaginável de religiões, seitas, filosofias, conceitos e tradições, entre as quais o ser humano poderá escolher alguma ou nenhuma delas, de acordo com o seu nível de compreensão e de preferência (ou seja, do credo ou ideal que mais se assemelhar com seu pensamento e modo de vida). Nessa seara há vertentes as mais diversas.
Pondero que é necessário fazer uma triagem não só dos conceitos e clichês, mas também de tudo o que nos é ofertado no “mercado alternativo”, procurando discernir quais os possíveis resultados a serem obtidos em relação às nossas escolhas e decisões quanto a novos modelos e padrões de conduta. Já dizia um velho ditado: “nem tudo que reluz é ouro”, logo, precisamos ser seletivos e ponderados para não cair em terreno pantanoso.
Até o “religare”, que deveria pertencer à religiosidade ou ao desenvolvimento espiritual, foi esquecido em função do consumo, do ter, da autossatisfação que a mídia e os mercados vendem como ideais. A imagem passou a ser mais valorizada que a autorrealização.
Com tais desvirtuamentos, tornou-se mais “prático” e totalmente sem “laços” para muitos, pagar a alguém ou ir a um workshop para “receber” uma técnica ou apenas ser um ouvinte passivo sem empreender o trabalho interior e sem se doar ao próximo incondicionalmente.

Receber um “produto pronto” é muito mais “fácil” do que a pessoa ter o compromisso em se desenvolver, em ter responsabilidades continuadas diante de um projeto social ou espiritual, do que compartilhar e interagir de modo permanente com um grupo de estudos e de desenvolvimento espiritual.
Nessa situação são criados novos modos de “vivenciar” essa “facilitação” ou esse acesso sem esforço pessoal. Com isso, novas profissões surgem oferecendo serviços alternativos, alguns muito sérios e outros nem tanto. Isso dependerá do nível de consciência de quem oferece o serviço. Porém, aqui e acolá aparecem charlatões em todos os segmentos e esse segmento também não estaria imune.
Após perceber que tais coisas não preenchem seu íntimo, tomado pela dor e pelas perdas que vão se acumulando, o ser humano reflete na sua desconexão artificialmente estabelecida. Com isso, precisa dar um salto de compreensão, entendendo que deve empreender mudanças em sua vida porque os tempos são outros. É preciso romper com a ilusão, sabendo que devemos fluir com a evolução dos sistemas nos quais estamos inseridos e intrinsecamente ligados.
A finalidade das religiões e filosofias deveria ser o estabelecimento da ligação com o Eu Interior de cada pessoa, porém, em muitos casos esse propósito perde o foco ou se desvirtua porque muitos ficam deslumbrados com algumas ilusões do caminho.

Jamais me esqueço de um momento da vida do mitológico “Hércules”, que interrompe a realização dos 12 trabalhos que empreendia, ao encontrar e se encher de admiração por um “mestre”, passando a ‘servi-lo’. Este “mestre” tinha o nome de “Busires”.
Hércules ficou deslumbrado com seus conhecimentos e tornou-se “prisioneiro” indefeso dele, até compreender que durante todo o tempo ele estivera servindo à “vaidade” ou ao “ego” daquele “mestre”. O verdadeiro “mestre”, entretanto, é aquele que viabiliza no outro a sua própria religação ao seu eu interior ou Eu Superior, ajudando-o a se autoeducar, autoconduzir com confiança, amor-próprio e entrega incondicional à Fonte Suprema, e não a ele enquanto “guru”.
Nesse caso mitológico, ao tomar consciência desse engodo, Hércules estabeleceu uma luta tremenda para se desvencilhar do falso “mestre”, vencendo as muitas dificuldades que a situação lhe impôs, até conseguir se libertar desse aprisionamento magnético, emocional e pessoal.
Desse modo, são retomados os trabalhos que têm como objetivo auferir maestria no seu desenvolvimento pessoal, aprimorando seus dons e talentos para melhor servir à humanidade e não àquele “mestre” de “ego” inflado.
O mitológico Hércules, então, se reconcilia com seu processo de crescimento interior e alcança a maestria enquanto ser humano ao final da realização dos famosos 12 trabalhos.

Todo mito nos remete a reavaliar as nossas vidas.
Todos nós temos dentro de si dons latentes que precisam ser trabalhados, treinados, saneados e aprimorados.
É necessário observar a sutileza de cada caso, tendo discernimento em relação a qualquer linha que escolhermos participar. Nenhuma dessas alternativas é certa ou errada, apenas o foco deverá estar adequadamente direcionado.
Amalgamados na Unicidade
Há muitas diferenças e características de pessoa a pessoa, principalmente a diversidade quanto ao nível de compreensão, que abrange a cultura, a educação e os valores adotados. E é através desse conjunto de variáveis que a consciência se expressará e enxergará o mundo, sendo sempre uma perspectiva singular e pessoal. Por sua vez, quanto mais ampliarmos nosso campo de percepção e de discernimento, mais abrangentes serão as verdades que conseguiremos acessar, compreender e vivenciar. Assim, mais próximos nós ficamos da compreensão de que estamos todos interconectados e relacionados. Possuímos uma única e enorme consciência, o inconsciente coletivo estudado e explicado por Carl Jung. Entende-se como Inconsciente Coletivo, as influências herdadas pelas imagens, símbolos, figuras arquetípicas, comuns à consciência de todos os seres humanos, formando a camada mais profunda de sua psique. Ele também tem sido compreendido como um arcabouço de arquétipos, cujas influências se expandem para além da psique humana. Quando ampliamos o nosso leque de percepção, é possível acessar esses símbolos e aprendizados que estão disponíveis a toda a humanidade.
Entretanto, é comum vermos aqueles que não conseguem alcançar alguns desses significados, se fecharem no medo e delimitarem sua capacidade de enxergar e compreender a vida. Quando isso ocorre, eles se recusam a ver o que está além da linha divisória de seu próprio campo de percepção. Quando o indivíduo permanece na superfície (sem aprofundamento), significa que ignora um imenso universo de informações e possibilidades ao seu dispor para usufruto e experiência pessoal.
Ao invés de adotarmos uma posição obtusa, precisamos encarar e vencer nossos medos, esquadrinhando a nós mesmos e nos abrindo a novas perspectivas. Quanto mais nos aproximarmos de preceitos elevados e sanearmos o ego, interagiremos com o Plano de Deus (ou do Poder Superior, ou Criador do Universo, ou Inteligência infinita, como queiram chamá-lo/a) e estabeleceremos a conexão com Sua essência para nos percebermos UNOS com Ele/a, integrados a Ele/a, sendo Suas extensões no plano físico.

Sentiremos que somos seres espirituais numa experiência terrena, empreendida por Deus e para Deus, sendo nós parte integrante e indissociável Dele/a, e que, ao nos aprimorarmos contribuiremos para melhorar o TODO.
Quando nos movemos no fluxo da constante mutação, nos conectamos com o principio da auto-organização e nos mantemos intrinsecamente amalgamados à unidade, sendo o amálgama a mistura de elementos que contribuem harmoniosamente para o TODO, numa exuberante diversidade, apesar de compor uma única humanidade. Esse conceito nos traz à memória as palavras do Cristo ao dizer “tendes de ser UM assim como o PAI e eu SOMOS UM”.
Nessa unidade, de modo desperto, podemos acessar o inconsciente coletivo e compreender todas as mudanças necessárias a serem empreendidas.
Então, só nos resta aceitar e aderir a tais mudanças, segundo seu fluxo, para que ao vivenciá-las, possamos dar o impulso necessário que nossa humanidade precisa para ingressar em novos tempos, novos paradigmas, melhorando-se continuamente como um TODO em uníssono.




