Bibliotecas e livrarias

Por: Mirtzi Lima Ribeiro;

Desde muito tempo visito bibliotecas e livrarias, perambulando entre títulos, áreas temáticas, autores e aquilo que me captura a curiosidade. Sempre me foi instigante aquilo que eu poderia encontrar nesses dois grandes nichos. Poderiam ser modernas ou muito antigas e quanto mais exóticas e exuberantes, mais convidativas.

Elas estavam em muitas localidades aqui no país ou no exterior. Eu mesma mantive uma mini-biblioteca volante por muitos anos, cujos amigos e apaixonados por livros de assuntos herméticos sabiam de sua existência e sempre requeriam algum volume para leitura e estudo.

Outra atividade que desenvolvi ao longo de anos, foi realizar doações de livros a bibliotecas espalhadas pelo meu Estado e na minha cidade de origem. Atualmente, essa atividade não permaneceu na mesma intensidade de antes.

Quanto às minhas leituras na idade adulta, a escolha era feita por temas, por autores ou pelo título que me chamasse a atenção.

 

Tomei gosto pela leitura desde o tempo que fui alfabetizada, mesmo sem muita noção do que significavam algumas tantas palavras nos livros infantis. Por isso, depois dos meus oito anos de idade, o dicionário passou a ser um excelente aliado na feliz aventura.

Inicialmente, o meu pai escolhia os livros que ele achava serem apropriados para meninas da minha idade. Entraram na lista: O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry), O Menino Maluquinho (Ziraldo), Meu pé de Laranja Lima (José Mauro de Vasconcelos), Dom Quixote (Cervantes), A História de Fernão Capelo Gaivota (Richard Bach), Viagem ao Centro da Terra (Júlio Verne), Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll), a coleção completa de Monteiro Lobato do Sítio do Pica-pau Amarelo, todo tipo de contos infantis (depois soube que os principais foram relatados pelos Irmãos Grimm), livros clássicos da literatura brasileira, os gibis do Pato Donald, Tio Patinhas, Maga Patalógica, o Mancha Negra, Madame Mim, Recruta Zero, Zorro, Zé Carioca, entre tantos outros. A coleção Os Cientistas era também muito bem-vinda.

Mas, a partir dos meus 12 a 13 anos de idade, mesmo escondido de meus pais, eu lia livros como Madame Bovary (Gustave Flaubert), Orgulho e Preconceito (Jane Austen), Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), O Charco do Diabo (George Sand), Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), A Lei quer que eu morra (Caryl Chessman), A História do Declínio e Queda do Império Romano (Edward Gibbon), Iracema (José de Alencar), Ana Karenina (Tolstói), os livros de Clarice Lispector que eu devorava, os poemas de Augusto dos Anjos e outros tantos livros que meus pais consideravam inapropriados para meninas e adolescentes da minha idade.

 

A partir da década de 80, os títulos passaram a ser mais arrojados e incluíam William Shakespeare, Dostoiévski, Camões, Rumi um poeta da Pérsia antiga, uma gama diversificada de poetas, contistas, livros sobre psicanálise e psiquiatria, filosofia, ecologia, a vida dos grandes compositores clássicos, livros sobre transcendência, principais religiões do mundo, metafísica, tratados, manifestos e outros, tantos quantos minha curiosidade permitisse.

Logo, meus lugares prediletos eram as bibliotecas e livrarias, que granjeavam o mesmo prazer que eu desfrutava ao escolher filmes nas antigas locadoras (hoje temos plataformas de Streaming, com conteúdos de multimídia através da internet). Bibliotecas, livrarias e estantes de livros são o meu reduto favorito, meu paraíso perdido, meu prazer e meu direcionamento.

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