
Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Rir faz bem à saúde e saber rir de si mesmo é uma condição incomparável. É preciso saber que há tópicos e situações engraçadas, pelo nível de bobagem inofensiva que percebemos ou na que nos permitimos nos engajar.
Mas até nisso é necessário ter bom gosto e desenvolver naturalmente alguns critérios (conosco e com o próximo). Porque, senão, poderá se transformar em bullying, em demonstração de agravo ou de menosprezo para com o outro ou para si mesmo.
A mensuração que deve ser feita nesse aspecto é que, quando nos nutrimos de pensamentos e conceitos saudáveis, teremos sempre a tendência de usar expressões e troças leves e inofensivas. Ou seja, em qualquer aspecto, jamais usaremos expressões carregadas de preconceitos ou amarradas à segregação.
Ao tocar outra alma – conforme preceitos do balizamento filosófico, psicológico e terapêutico -, devemos fazê-lo com cuidado, com denodo e respeito. Você aceitaria que agissem com menos do que isso? Com certeza, não. Portanto, não devemos agir com desdém com outros.

Todas as pessoas são merecedoras de comunicação clara, compreensível e de modo respeitoso.
Sob o ponto de vista humano, ainda não fomos alçados a um nível aceitável de civilização, porque nossos escores em comunicação e em inclusão não são dos melhores.
Ainda há nas relações humanas, muita mediocridade, egoísmo, invejas, desafetos, rancores, preconceitos, senso de superioridade e segregacionismo, maldades, vinganças, jogos de poder, tentativas de desqualificar ou menosprezar, tanto os outros quanto suas funções e seus níveis econômicos.
Se formos nos guiar pela real essência do significado desta palavra, enquanto civilização, ainda não chegamos nem perto de ser o que se categoriza como civilizados.
Ao ouvir certas narrativas com isenção e com percepção aguçada, iremos notar o quanto de repulsa (ranço) e de sentido segregador algumas pessoas possuem em relação a outras. Elegância de alma não tem sido vestida por um incontável número de pessoas.

E elas nem percebem que estão sendo cafonas e deselegantes, além de estarem destituídas de sensibilidade. Arrotam que são boa “gente”, mas fazem parte daqueles que pilham a própria raça humana e segregam, não apenas pela cor, mas pelos bens materiais que o outro possui ou não, pelo valor do automóvel ou meio de locomoção que tem, pelo bairro onde mora, pelo seu estilo de vida, por sua instrução ou falta dela, pela origem e pelo nome de família, pelas marcas de roupas que usa, pelas viagens que empreendeu ou não ao exterior.
A elegância de alma é refletida no olhar, no jeito de ser, em cada gesto, cada ação, cada reação, cada gentileza, cada palavra e cada atitude. Esses detalhes ressaltam aos olhos, são claros, acolhedores e compõem uma aura atrativa e tranquila. É maravilhoso estar junto de pessoas assim.
Também é perfeitamente perceptível quando alguém se considera acima dos outros e tem discursos de auto endeusamento ou de enaltecimento de seu status social, em detrimento aos outros que julgam inferiores.
Estamos em um ponto na nossa sociedade, em que a ruptura desse tipo de estigma negativo está para ocorrer em definitivo. Por isso essa atual onda do que se denomina de extrema-direita no viés à lá pressupostos de Hitler, Mussolini e outros ditadores que trouxeram a ruína e destruição sobre a raça humana. Hoje estamos diante de um cenário bem parecido no mundo, em franco perigo da deflagração de uma terceira guerra mundial com direito a torcida por mortes em massa (extermínio).

Se por um lado há muitos que ora abraçam o retrocesso civilizacional através de conceitos segregacionistas e desvirtuados da sociedade, de outro lado temos um grande contingente de pessoas que está engajado no progresso cognitivo e humano desta mesma sociedade.
As forças estão em choque, operando em ações pontuais e em aspectos nevrálgicos. Na mesa de negociação só se sentam aqueles dispostos a melhorar e equacionar os direitos e interesses difusos. Os demais apenas vociferam, espalham ódios e informações deformadas, se mantendo em suas cavernas ideológicas com seus tacapes, dispostos ao embate pelo embate.
O grupo que saiu do armário e assumiu sua ojeriza à inclusão e ao respeito ao outro estará ruindo, se esfacelando e tropeçando na bandeira da mitomania na qual se enrolaram como via de “salvação”.
Sabemos que pessoas acometidas pela patologia da mitomania criam narrativas fantasiosamente deturpadas da realidade, compõem um torpe mundo paralelo, incorporam e disseminam tais mentiras e deformações de entendimentos. Esse comportamento mina e deixa tóxico o seu tônus cognitivo, deteriorando também muitos relacionamentos e setores de suas vidas. Só eles se suportam entre si.
As pessoas normais sabem rir e desenvolver amizade de verdade, sabem compreender o outro e o acolhem de modo saudável, independente de sua orientação sexual, do credo que abraçam, do que e de como se vestem, da cor da pele e do quanto possuem na conta bancária. Essas são as companhias saudáveis e aceitáveis.
Sigamos no mundo real, aprimorando o que é necessário e fundamental. Que possamos criar nesse mundo real melhores relacionamentos em todos os níveis: pessoais, afetivos, institucionais e governamentais. A Terra merece e a civilização também!
 
				 




