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Existe Brasil sem o negro?

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Por: Neves Couras;

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Talvez este ainda seja um tema que, para alguns, já encheu a paciência. No entanto, em nosso cotidiano ainda encontramos o uso de termos que revelam o que está em nosso subconsciente, ou, quem sabe, apenas escondido em função da “educação social”. Ou, quem sabe se trate penas de mau-caratismo do sujeito.

O “negrinho” ou “negrinha” que está em nosso (sub) consciente, surge em uma conversa em família como se fosse algo comum e como se ainda estivéssemos vivendo em séculos onde tornar nossos irmãos negros em escravos era status e sinal de riqueza, considerando que esses seres humanos que eram diferentes de nós apenas pela cor da pele, eram acima de tudo, tidos como patrimônio, a exemplo das casas, animais e etc.

Este tema surgiu recentemente em minha casa. Me causando grande tristeza, lembrei-me dos livros de economia quando toda escravidão estava ligada a produção de riqueza.

Encontrei em “História do Pensamento Econômico”, recordando o tempo de estudante, a base da produção da riqueza em todo mundo. Na Grécia antiga, aproximadamente 80% da população compunha-se de escravos. Estes, executavam todo trabalho manual, grande parte desse trabalho, inclusive em templos.

Os senhores de escravos apropriavam-se e desfrutavam de toda riqueza produzida, e quando havia alguma guerra, eram os escravos, por suas vidas não representarem nada além do valor econômico, tornavam-se os “soldados” à frente das grandes batalhas. Suas vidas como a de qualquer outro animal, eram apenas contabilizadas como prejuízo econômico.

Inclusive, pesquisadores afirmam que a prática, durante a Guerra do Paraguai, de enviar um escravo ao invés de um jovem de família branca foi um dos estopins para a abolição.

Depois de lutarem lado a lado, parecia inconcebível que os mesmos soldados, ao fim da guerra, uns voltassem a ser fazendeiros, advogados… e outros voltassem ao julgo da escravidão.

O homem a partir da adoção da mão de obra escrava até os dias atuais, esqueceu quem construiu os grandes impérios e monumentos em todo o mundo e jamais foi atribuído a esses homens e mulheres, qualquer agradecimento e honraria. Quem poderia imaginar que Filósofos brilhantes como, Platão e Aristóteles, afirmavam que a escravidão era um fenômeno natural?

Em momentos de viagens de meus pensamentos, fico a imaginar, quem definiu ou determinou que homens e mulheres que nasceram igualmente a qualquer um de nós, apenas por ter mais melanina da pele pode ser considerado ainda hoje, pessoas inferiores a outros com outro tom de pele ou tipo de cabelo?

Tanto que a ciência já avançou, tantas coisas foram desmistificadas em toda história da humanidade, e ainda temos irmãos nossos considerados e usados como seres inferiores. Como pôde a própria Igreja, que deveria seguir as orientações do Cristo Jesus, de que todos somos iguais perante a Lei de Deus, contribuir para a escravidão e utilizar a mão escrava para o aumento de seu patrimônio?

O leitor deve está se perguntado a causa da abordagem desse tema. Não é por acaso, acredite. Estes dias estava ouvindo uma entrevista com o Padre Júlio Lancellotti, quando ele abordou o tema da “extinção de uma raça”. Essa frase reverberou em minha mente o que me levou a compreender, apesar de parecer impossível, mas tudo que tem acontecido principalmente no Brasil em termos de Politicas Publicas, quando os mais vulneráveis em nossa sociedade são os negros.

Não vou trazer dados estatísticos neste artigo, mas gostaria muito que as pessoas que não concordam com o racismo, nem são “ligados aos negrinhos e negrinhas” de nossa sociedade, observem o que acontece ao nosso redor. Qual a maior população carcerária de nosso país? brancos ou pretos? Os jovens que se envolvem com o tráfico de drogas ilícitas, são de que raça? Quem é a inconteste maioria das vítimas de crimes violentos?

Quando teve inicio as orientações de “reclusão” da população brasileira para que não houvesse contaminação pelo COVID 19, quantos homens e mulheres dos governos, principalmente das grandes cidades, pararam para pensar que o sistema de moradia das periferias ocupadas principalmente por negros e pobres, poderiam serem lugares adequados para que sua população pudesse realmente ter condições para não serem agentes de contaminação do COVID 19.

Ouço muito o discurso de brancos que não sabem o que é ser discriminado só porque tem a cor da pele diferente. Que não sabem que quando a Princesa Isabel, forçada por duas grandes forças políticas, assinou a Lei chamada Lei Aurea, não assegurou na referida Lei, que os negros que estavam sendo libertados da Escravidão deveriam receber de seus antigos donos ou do Estado condições para essa grande população sobreviver. Foram simplesmente jogados nas ruas, sem dinheiro, sem nenhum meio de produção e sem direito a um teto.

No Brasil, quase 150 anos após a abolição formal da escravatura, ainda vivemos numa sociedade e num estado em que o negro, se não vive para servir e gerar lucro aos brancos, deve morrer. O Estado e a sociedade, desde as pressões internacionais para o fim da escravidão, vivem de uma prática de “se não podemos matar, deixemos morrer”. E isso num país em que se mata pessoas negras aos montes diariamente.

Quando escuto, os descendentes daqueles que outrora possuíram seres humanos, fazendo desses, aos moldes modernos, seus novos escravos, lembro que a Lei da Reencarnação nos oferece-nos a possiblidade de corrigirmos nossos erros do passado, mas ao nos depararmos com nossos ex-escravos para corrigirmos nossos erros, tornamos a errar, e fazemos até pior. Não existe mais o tronco, nem o chicote nas costas, mas tem a bala de uma arma na mão de alguém que vendo um negro, mata primeiro, para posteriormente, saber quem era.

Quantos jovens, saem de suas humildes casas para uma sala de aula em busca de um futuro sonhado pela maioria, mas que por sua cor da pele e cabelo diferentes, são rejeitados por colegas que em suas próprias casas, foram ensinados que negros são malandros e negras são prostitutas.

Até quando jovens serão mortos por serem pretos, mortos por estarem tentando entrar em suas próprias casas, mortos por estarem com um guarda-chuva na mão? Até quando meu lado negro será escondido, e irei perpetuar a cultura do “negrinho e da negrinha”?

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