Por: Neves Couras;
Esta semana, um dos grandes escritores de Pombal, Jerdivan Nóbrega publicou uma foto do Posto de Puericultura de Pombal. Na mesmo instante, essa imagem me levou de volta ao tempo de pequena. De tão pequena, não lembro, para trazer a esse espaço, mais detalhes que gostaria. Mas jamais esqueci de um Médico que lá atendia e me atendeu inúmeras vezes. Chamava-se Dr. Atêncio Wanderley. Ele para chegar ao referido Posto, passava na lateral de nossa casa para avisar a nossa Mãe que havia chegado vacina.
Algumas vezes, nós irmãos, quando nos juntamos para uma boa prosa e lembramos do passado, vem sempre a pergunta: Somos vacinados contra o que? – Não sabemos. Mãe, que não nos acompanhava para esse doloroso e necessário programa, só dava a ordem:
– Tomem banho e vão para o Posto que chegou vacina!
Não havia cartão de vacina nem nenhum papel que nos dissesse que vacina tomamos ou se havia uma segunda dose. O Controle, talvez fosse do Posto, talvez, apenas da lembrança daquele médico que nos conhecia como gente grande. Lembro-me de uma vez que, em uma das inúmeras crises de amigdalite, desenvolvi uma espécie de asma. Sozinha, tomei meu banho coloquei meu melhor vestidinho e fui falar com Dr. Atêncio. Eu era paciente dele pela quantidade de anemias que ele identificava em, apenas olhando o olho, e quando ele recebia alguma amostra de medicamento para tal problema, ele, da mesma forma que passava para avisar a chegada das vacinas, parava para me deixar o referido remédio.
Voltando à consulta, cheguei lá e ele carinhosamente perguntou: o que você está sentido? – Falta de ar. Ele sorrindo me dizia: “mas tem tanto ar por ai, porque você não respira? – Não sei.
Novamente, ele tirava de uma gaveta, algum remédio e eu voltava para casa. E, ainda passava lá para perguntar: – Melhorou? – Sim Senhor, eu respondia, pois vá estudar. Quem pode esquecer de uma figura dessa? Certamente, ele faz parte dos bons médicos da Espiritualidade.
Outros fizeram parte de minha vida, mas como não falei com eles nem com suas famílias, achei melhor contar o milagre e não contar o Santo. O segundo foi o Ginecologista e Obstetra que cuidou de mim e de meus filhos até desencarnar. Me entendia tão bem, que na minha segunda gestação, fui ao consultório no terceiro de dia de contrações e quando ele viu a situação, como sempre me dizia: “essa tem parentesco com índio!”. Vá para casa tome um copo de leite que já vou indo para o hospital. Quando chegamos, ele já tinha feito reserva do quarto e já estava me esperando na entrada do Hospital. “Venha rápido, essa criança vai nascer logo!”. Ao contrário do que pensávamos após os primeiros procedimentos, as contrações pararam.
Já era um final de tarde, inicio de noite de uma sexta-feira. Ele mandou de volta para apartamento, e não voltou para casa. Passou a noite toda me acompanhando. Pela manhã eu já estava tomada banho e maquiada, pronta para o dia que se iniciava. Ele chegou e disse: “Tá me devendo uma noite de sono. Passei a noite toda vindo te olhar e você dormia feito anjo. Cadê as dores?”. Fui logo dizendo: “pode colocar a medicação para induzir o parto”, afinal já tinha passado por isso na primeira gestação e tinha dado certo. Ele colocou, mas quando foi umas 14h, com uma cara triste, chegou e disse: “essa não vai ter jeito”. Respondi: “chame o anestesista”. Ele não quiz. “Vamos esperar mais um pouco”.
Lá pelas 17h eu disse “não aguento mais, vamos pra faca”. Graças a Deus e a sua perícia deu tudo certo. Ele dizia que eu tinha parentesco com índia porque ao chegar o quarto, eu precisava imediatamente cruzar as pernas. Ele dizia que nunca tinha visto isso com nenhuma mulher, mas realmente se eu não fizesse isso, eu não ficava bem. Cuidou de mim no terceiro parto do qual já falei aqui, e de um aborto que tive que ele só faltava me colocar para fora do consultório dizendo que eu não estava grávida, mas eu sentia que estava. Na verdade, quarenta dias depois eu estava dando entrada no hospital para uma curetagem. Experiencia que não desejo a ninguém.
Graças a ele pude ter um atendimento humanizado, pois todos achavam que o aborto havia sido provocado. Foi preciso levar uma parte do que estava expelindo para que todos pudessem acreditar que era uma gestação. Este, certamente está também na equipe de saúde da Espiritualidade. Era justo, responsável e desenvolvia empatia com suas pacientes, como poucos.
Depois dessa segunda gestação desenvolvi um problema de pele, que apesar de ir a inúmeros médicos em algumas partes do país, não havia um diagnóstico conclusivo nas biopsias feitas. Este mesmo anjo, que me referi anteriormente, me ligou para avisar que havia chegado em João Pessoa, um dermatologista muito capaz e com grande reputação na área. Que eu o procurasse urgentemente. O fiz. Para não falar muito nele, porque ainda é um dos meus anjos de guarda aqui na Terra, é meu médico há 37 anos. Não preciso falar o que sinto, ele me conhece. Sabe de minhas fragilidades e de minhas lutas. Peço a Deus todos os dias para que ele fique entre nós por muitos anos, pois não sei o que farei se ele for embora antes de mim.
Falei de empatia, mas não é só empatia que precisa existir entre médico e paciente, precisa haver fé e confiança. Atributos que a maioria dos médicos da atualidade não desenvolveram. Mas existe outro médico, que também não falarei seu nome, mas como otorrinolaringologista, têm salvado vidas em minha família. O amo como a um filho, assim como a sua família. Este além da equipe aqui na Terra, tem uma grande no céu. É humano, competente e também sabe compreender os problemas de seus pacientes. Obrigada filho do coração.
Por último, não menos importante, tem um outro que cuida de nossa visão. E carinhosamente cuida de seus pacientes, como se cada um fosse um ser muito especial. Minha gratidão a este ser de luz, não só pela luz dos olhos de cada um que o procura, mas sobretudo, à sua luz interior.
Gratidão a todos vocês, que cuidaram e cuidam de nós. Quanto aos médicos Espirituais, além de serem meus grandes Instrutores e Mestres, são minhas fontes de inspiração e de Luz. Sempre grata por todas as bençãos.