fbpx

Site do João Vicente Machado

InícioAntonio Henrique CourasOs desafios de uma página em branco

Os desafios de uma página em branco

- PUBLICIDADE -

Por: Antonio Henrique Couras;

- Publicidade -

Semanalmente me deparo com essa questionadora página em branco diante de mim. Inicialmente me foi proposto um artigo semanal neste espaço, posteriormente os desafios da minha educação e do meu trabalho.

Pensei por muito tempo que este seria o adversário com quem batalharia diariamente durante toda a minha vida: páginas em branco a serem escritas, mas a verdade que o futuro, as páginas em branco, o porvir, não são os verdadeiros desafios da vida, mas sim o grande presente.

Um caderno novo, um novo trabalho, um novo curso, um novo projeto, um novo desafio, uma nova amizade um novo amor… Nada disso é, na verdade, um desafio, sim uma oportunidade.

Desafios são, venho aprendendo, não as páginas em branco, mas as já escritas, sejam elas por completo ou em processo de escrita.

Atire a primeira bolinha de papel quem nunca foi levado, naqueles instantes antes de dormir, em que o cérebro resolve fazer uma retrospectiva de todas as besteiras que já fizemos durante a vida. As festas que nos arrependemos de ter ido, as coisas que teriam sido melhor não ditas ou aqueles boas verdades que gostaríamos de ter dito no momento certo… a essas páginas o único remédio é o esquecimento e nada mais há o que ser feito.
Quanto ao futuro, por mais assustador que possa ser, esse nós o temos sob nossas rédeas.

Besta temperamental e poderosa, o futuro é um daqueles enormes animais poderosos e que em seu perigo ostentam uma beleza ímpar. Um cavalo indomado ou uma pantera.

É preciso ter-se coragem para segurar suas rédeas e guiá-lo para onde se quer, e não deixar que seus caprichos nos levem para onde sua vontade morar.

Em minha vida tive o privilégio de conviver com incontáveis pessoas cheias dessas páginas escritas, vidas vividas que chamamos de passado, contudo, pouquíssimas delas tiveram a persistência de manter as rédeas de seus futuros sempre firmes em suas mãos.

Foram casamentos que não deram certo, investimentos não feitos, filhos não tidos, palavras não ditas, ou simplesmente imaturidade para se compreender que as decisões que, então, pareciam bobas e simples, teriam um enorme reverberam décadas a frente. Coisas da vida.

Nesse meu aprendizado, pude observar duas coisas: os maiores arrependimentos eram em relação aos amores não vividos, às viagens não feitas, às oportunidades não aproveitadas. Aparentemente nos arrependemos mais do que não fazemos do que aquilo que, de fato, fazemos. Um “eu te amo” dito à pessoa errada não pesa e muitas vezes é esquecido, mas aquele que não dizemos e, para sempre, perdemos a oportunidade de dizer, nos persegue por toda uma vida.

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver, mas eu acredito que, nesse contexto, posso fazer uma pequena alteração: o pior cego é aquele que não tem coragem de ver. Não tem coragem de ler as linhas escritas de seu passado, os erros, os acertos, os borrões e o que foi comido pelas traças. Não se ter coragem de olhar para trás e pesar o que nos trouxe felicidade ou pesar é não aproveitar os ensinamentos que a vida nos deu. É muitas vezes, incorrer vez atrás de outra no mesmo erro e não ter coragem para olhar para as páginas escritas, reanalisar os cálculos e ver-se onde habita o erro.

Viver é, posso dizer, um exercício diário e constante de coragem. De olhar por cima do ombro, ver o caminho trilhado, as curvas certas e as erradas. É a constante coragem necessária para pegar pelas rédeas essa furiosa besta chamada futuro e leva-la para onde se deseja e não se viver à mercê dela.

Não se planta goiabas e colhe-se cerejas. Assim, venho observando com grande pesar que muitas das pessoas que me rodeiam continuam, ainda depois de uma longa vida, a repetir os mesmos erros, a semear as mesmas sementes, colher os mesmos frutos e não compreenderem o porquê. Montaram na vida, deixaram que a besta os levasse para onde queriam e depois reclamam que não estão onde desejavam.

É preciso termos coragem para olharmos para trás, lermos as páginas escritas da vida, mas também é fundamental termos a coragem de segurarmos com firmeza a caneta com que escrevemos nosso futuro.

Minha avó, uma mulher sábia, dizia: escreve quem pode, lê quem quer. Viver em paz com o passado e com esperança no futuro é, de fato, um exercício para os fortes. Escrever o futuro como se quer é para quem tem a habilidade para tanto.

Sejamos, assim, senhores, dos nossos passados. Reconheçamos erros e acertos, para que possamos encarar o futuro de mãos firmes e com os olhos fixos no mais distante horizonte.

Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Ajude o site João Vicente Machado

spot_img

Últimas

Seca na Amazônia

Esse animal que pensa

Os Médicos de minha vida

Mais Lidas

error: Conteúdo Protegido!