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A difícil arte de amar

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Não sei se levada a fazer esse balanço em função de estar completando meus 67 anos, por esses dias, ou porque está sendo colocado em meu caminho ou em minha vida, a grande necessidade de repensar tudo que já estudei, li e vivi. Acredito que o resultado do balanço não é de todo ruim. Sou grata a Deus, aos meus pais e à minha ancestralidade por terem me dado a vida e esse corpo que me abriga para cumprir com a missão que assumir para esta encarnação. Desde muito cedo comecei a viver a vida da forma mais real possível e nesta realidade, não encontrei ou vivi nenhum dos contos de fada.

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Acredito que, como aprendi na doutrina filosófica e religiosa que abracei já na idade adulta e, como, segundo meus filhos, a minha memória é privilegiada, apesar de não ter percebido logo meu papel para essa existência, tudo que vivemos faz parte da grandeza dos ensinamentos de Jesus e de seu processo pedagógico que nos leva a passar por situações que ou se aprende e passa ou a reviveremos ao infinito até aprendermos a lição necessária. Mas percebi que não recebi, nesta vida, a missão de brincar com as coisas que a vida apresenta.

Não estou me queixando. Apenas, utilizando de minha memória tudo que já vivi até aqui. Durante os primeiros 20 anos foram difíceis demais, mas em minha vida as coisas vinham e, eu enfrentava da forma mais natural possível. Sabemos que quando surgem os problemas, com eles vêm junto as soluções.

Não foi fácil acha-las diante do manancial de problemas, mas elas estavam lá. Foi só uma questão de tempo e percepção para encontrá-las. Foi um período de muito aprendizado em todos os sentidos. Posso garantir que foi a formação da base.

Assim, como um edifício a ser edificado, meus Construtores, como já tinham a noção do projeto completo e do que eu precisaria, me fizeram forte, resistente e me ensinaram a amar.

Mas, acho que aprendi amar mais aos outros que a mim mesma.

Não tive tempo de pensar em mim, com uma família que me fez amadurecer “no carbureto”. Aos vinte anos, quando a maioria dos jovens estavam envolvidos em seus estudos e em suas paqueras, eu e meu irmão, estávamos preocupados em ter um emprego que pudesse garantir as condições mínimas para nossa sobrevivência digna. Meu tempo se dividia em trabalhar, tentar estudar e, como laser, me restavam as telas do cinema. Os anos foram se passando e o jardim da juventude que via meus colegas e amigos viverem, não chegou até mim.

Evidentemente, não reclamo nem nunca reclamei desse tempo e acredito que assim como se forja uma peça de ferro, as dores e o sofrimento vivido, me tornaram uma peça, não digo rara, nem bela, mas forte mesmo. Me tornei capaz de enfrentar as dificuldades para encontrar o lugar que eu precisava ser colocada.

Depois, já no serviço público, onde passei parte de minha vida profissional exercendo minha missão, passaram por minha vida, muitos anjos, a quem agradeço profundamente. Não será possível neste espaço listar, mas cada um deles, exerceu um papel importante em minha caminhada. Aos que me ensinaram e me oportunizaram esse aprendizado, serei eternamente grata, foram meus anjos de guarda encarnados, porque os desencarnados, esses que me conhecem até mais que eu mesma, acho que os dei e ainda os dou muito trabalho. Sou teimosa, inquieta, mas sei ser amorosa do meu jeito. Às minhas tias, as Assis, elas têm lugar de honra em minha vida, assim como meus pais. Alguns chefes, alguns colegas de trabalho, e se falando de colegas de trabalho, também houve aqueles que me ensinaram, de forma diferente. Me ensinaram a não ser como eles, fui muitas vezes mal compreendida, mas tudo fez parte do grande projeto.

Veio o casamento que não é um jardim tão florido, mas me deu as melhores rosas que uma mãe pode receber. São meus companheiros, meus anjos e também meus professores. São eles, além da espiritualidade, que cuida de mim, me dão o suporte necessário para aguentar os espinhos desse jardim.

Não estou aqui apenas para falar das flores, mas como todo plantio, segundo os ensinamentos do Mestre, foi jogado a semente do joio e do trigo, e que apenas na hora da colheita, seriam separados. Comecei a colher uma boa quantidade de trigo, mas ainda tem muito joio nesse “roçado”.

A esta altura da vida, julguei não estar ainda convivendo com o joio, só com o trigo, mas como sou de uma família longeva e também recebi como missão algumas tarefas difíceis, acredito que esse joio ainda ficará por aqui, para ainda me ensinar. Só pelo amor a Deus e pela força de muitos, suporto ainda algumas decepções, alguns dissabores, mas como a paciência é uma dádiva, estou aprendendo a desenvolver esse sentimento, tão difícil.

Nesta fase de minha vida, não sei se fazendo parte ainda do processo de construção, ou como conta a história da bela estátua de mármore, estou recebendo o acabamento final, só posso dizer que tem sido dolorido. Aqui, começa um outro ensinamento, que não achei que fosse ser tão difícil, mas para minha surpresa, assim como no processo de aprendizado, devo estar na fase do pós-doutorado.

Não vou culpar a pandemia, nem o tempo, pois todos nós muitas vezes procuramos culpados para nossas dificuldades, quando na verdade foi, ou é, por nossa incapacidade de administrar a vida ou de tomar decisões que teriam consequências drásticas em nosso retorno para a nossa verdadeira morada, ou pela própria necessidade de aprender a desenvolver em nós um dos sentimentos mais difíceis que é o do amor universal. Nesta fase, adquiri mais maturidade que garanto não foi pela idade, mas assim como as fazes da lua, umas nos proporcionam grandes mudanças, ou a grandes desilusões, que vieram exatamente neste período.

Sempre comentamos em família, que meu pai havia sido um pouco cigano, e por essa forma de vida escolhida por ele, tínhamos morado não só em vários lugares/estados, mas em várias casas. Por esta razão, eu havia tomado a decisão de ao me casar, já ter a minha casa, que em meu pensamento viveria nela até o dia do meu retorno a minha casa definitiva. Mas, como diz uma amiga, “ledo engano”. Até mesmo porque achamos que somos donos de nosso próprio destino, mas a vida não é bem assim. Somos enviados para cá, e precisamos seguir uma programação já anteriormente estabelecida. É certo que temos livre arbítrio, mas nem sempre, tomamos as decisões que poderiam, aos olhos alheios, serem os mais fáceis. Faltava ainda alguns outros aprendizados.

Interessante, que assim como aconteceu na história grega, de uns oito anos para cá, sempre perto de meu aniversário, recebo presentes que poderíamos chamar de “Cavalo de Tróia”. O nome também, foi aplicado aos vírus que destrói os programas de computadores, e olha, se deixarmos, realmente esse vírus destrói a nossa vida. Como me referi anteriormente, eu não tinha desenvolvido a capacitada de me amar, como se faz necessário.

Mas esta é a fase que estou vivendo e confesso, que apesar da dor na lapidação. Estou sentindo que irei me tornar vitoriosa.

Imagine, que após os sessenta anos, já com uma netinha, a carreira que tanto sonhei, a de escritora, está sendo construída.

Essa é uma dádiva da Espiritualidade, já que boa parte do trabalho é desenvolvido por determinação e necessidade deles.

Concluo, dizendo “que bom estar aqui”. Quão é gratificante dizer: obrigada Senhor por tantos ensinamentos e tantas conquistas. Não sei se a semente que pretendo deixar, dará tantos frutos o quanto desejo, mas posso garantir que não são transgênicos e quem tiver acesso a eles, por favor os trate com muito amor, pois sem o Amor, a vida se torna insuportável.

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