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Anísio Silva: O rei do bolero brasileiro (reeditado)

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O nosso público é  composto de leitores, internautas e assinantes,  cronológica e espacialmente variado.  Temos leitores de várias faixas etárias espalhados pelo Brasil e pelo mundo,  muitos deles de cabelos cor de prata  como o  nosso  e adeptos da saudosa e melodiosa  música romântica.

O historiador Flávio Brito, que para nossa honra e orgulho  é um dos  articulistas do nosso sitio, vez por outra incursiona no terreno da musicalidade universal e nos brinda com pérolas polidas do cancioneiro mundial  como as que relembramos hoje.

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O artigo que republicamos, foi um insistente  pedido de vários leitores,  amantes  do  ritmo nascido  em Cuba no século XIX numa criação de José Sanchéz. O Bolero virou uma pandemia musical e se espalhou pela América Latina revelando nomes famosos  como: Augustin Lara, Pedro Vargas e Consuelo Velasques no México, Lucho Gatíca no Chile, Gregório Barrios na Argentina, o berço do Tango e  Bienvenido Granda, El bigode que canta, um cubano naturalizado brasileiro, entre outros.

Hoje Flavio Brito homenageia merecidamente  Anísio Silva, um baiano que reinou soberano nas décadas de 1950/1960 sob a égide do Bolero. Ele embalou os sonhos e romances da juventude da época, no meio da qual me encontrava em companhia de tantos amigos, cujos nomes não caberia neste espaço.

Sabem o que vamos fazer depois da leitura do artigo de Flávio?  Colocar um disco de Anísio Silva na “vitrola” e ensaiar  um bolero Bolero com a minha Gorette, o meu pé de valsa!

E vocês ?

 

Por: Flávio Ramalho Brito;

Nos anos finais da década de 1950 e no início dos anos 1960 ele reinava absoluto como o principal nome do sambolero, o cruzamento do ritmo de origem cubana com o nosso samba-canção, gênero que dominava as paradas de sucessos da época.  Foi o primeiro cantor brasileiro a conquistar o chamado “disco de ouro”, o que correspondia à ultrapassagem de um milhão de cópias de discos vendidas. O seu apogeu nesse período pode ser avaliado pelo convite que lhe fez o Presidente Juscelino Kubitschek para que ele se apresentasse nos festejos da inauguração de Brasília.

O cantor chamava-se Anísio Silva, nascido, em 1920, em uma fazenda no município de Caculé, localizado no interior da Bahia, distante quase 800 km de Salvador. A sua família mudou-se para São Paulo quando ele era criança. Já adulto, trabalhou como balconista em farmácias, na capital paulista e, depois, no Rio de Janeiro. Gostava de cantar e, em 1952, conseguiu gravar um disco, sem grande repercussão.

Em 1957, Anísio Silva inicia, na gravadora Odeon, a sua escalada para o sucesso com um disco no qual se sobressaíam as músicas “Interesseira” (Murilo Letini e Bidu Reis) e “Sonhando Contigo”, um bolero de sua autoria (parceria com Fausto Guimarães).

Nos anos subsequentes, Anísio Silva obtém novos grandes êxitos, entre os quais a guarânia “Quero beijar-te as mãos” (Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal) e a sua composição “Onde estás agora”.

Anísio Silva pode ser considerado, naquela virada de década, um dos maiores fenômenos da nossa música popular. Vestia-se sobriamente e a sua presença no palco era contida. Um bigodinho fino acentuava a sua feiura. Sua voz marcadamente anasalada e quase sussurrante contrastava com as vozes tonitruantes de cantores da época, como Vicente Celestino.

 Em comparação com a música que era, então, feita pelos criadores da nascente bossa nova ou mesmo com os sambas-canções de autores como Antônio Maria ou Dolores Duran, as músicas cantadas e compostas por Anísio Silva eram rotuladas como  “populares”, e , depois, com termos como “cafonas” e “bregas”. Para o jornalista e escritor Joaquim Ferreira dos Santos, Anísio Silva seria um “falso brega”. Os seus discos eram gravados com arranjos e orquestrações de altíssima qualidade e as suas interpretações suaves tinham alguma semelhança com as do seu contemporâneo e conterrâneo João Gilberto que, apesar de não aceitar a semelhança com a sua forma de cantar, admirava o estilo de Anísio Silva, como se constata em uma sua declaração:

“Anísio canta num estilo que difere por completo do meu […] ele que é um dos mais legítimos intérpretes da música popular brasileira. Considero-me um fã de Anísio Silva”

Em 1960 e 1961, Anísio Silva lançou dois dos seus maiores sucessos, os excepcionais boleros “Alguém me disse”, e “Onde Estarás?”, que tinham o selo de qualidade da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim. 

Em 1964, Anísio Silva abandonou a carreira para se dedicar a outras atividades, inclusive como proprietário de uma casa noturna no Rio de Janeiro. Três anos depois, retomou a carreira, mas os tempos eram outros. Um seu admirador, Roberto Carlos, detinha agora o cetro e a coroa da música popular. As românticas canções aboleradas do cantor baiano estavam fora de moda. Anísio Silva morreu, em 1989, esquecido.

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5 COMENTÁRIOS

  1. Que delicia de texto! Ouvit cada musica recordando apenas momentos bons de um tempo que se foi e aliviando o cansaço da crise que estamos vivenciando Parabéns Sr.Flávio seus texros são maravilhosos.Se as musicas de Anisio Silva são cafonas são bregas nao importa.O que importa é que nos fazem muito bem

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