Isolamento Social: Ansiedade com Flexibilização

Por: Luiz Celio Rangel

Estamos emocionalmente prontos para sairmos das nossas “tocas”?

Todos nós fomos pegos de surpresa com a velocidade do alastramento e da avidez dessa pandemia, sobretudo, pelo atual crescimento dos casos de Covid-19, que agora denominamos – 2ª onda.

O cenário que temos visto é apavorante:  bares repletos, praias lotadas, ônibus abarrotados, festas em ambientes privados com uma centenas de festeiros, pessoas sem máscaras, distanciamento social inexistente. Um faz de conta que está tudo bem, embora as taxas de ocupação nos leitos de UTI estejam aumentando demasiadamente. 

O pior é que a alternância desse esquema gangorra de aumento e decréscimo dos casos de Covid-19, possivelmente, ainda perdurará por alguns meses.

Além do estresse e da insegurança gerados pela instabilidade na saúde (física e mental) e na economia, veio a incerteza da manutenção dos empregos, dos salários; e de quebra, nos conscientizamos, à duras penas, que nunca tivemos à estabilidade econômica e empregatícia que imaginávamos. 

Decorrido esse tempo de isolamento social, iniciou-se o período de flexibilização, fruto de “negociações”, possivelmente em decorrência do processo eleitoral.  A reabertura do comércio, da indústria e dos principais serviços necessários ao consumismo em nossa sociedade, veio de supetão. 

De igual modo, muitos profissionais liberais retornaram a suas atividades laborais. É importante que se mantenha os processos de sanitização e ajustes no espaço físico, até que realmente se obtenha a bendita vacina, tão agradada por todos nós. 

Em contraponto, difusão e disseminação da prestação de serviços pelo sistema de teletrabalho ou home office, foi uma das principais conquistas desse novo tempo, ao que parece, veio para ficar. 

Uma pesquisa do ISE Business School, revelou que 80% dos profissionais liberais e 83 % dos empresários, de um modo geral, aprovam este modus operandi, ao que tudo faz crer, há de se efetivar e se incorporar as nossas rotinas. 

De uma coisa é certa, jamais seremos os mesmos, de antes dessa pandemia. 

O novo padrão de normalidade exigirá mais atenção e cuidados redobrados à saúde (física e mental) dos empregados, dos clientes, (dos pacientes) e do público em geral. 

Por um tempo ainda indefinido, a “neura” estabelecida pela desinfecção e sanitização, passará a ser o padrão de qualidade e excelência número um, em qualquer ramo de atividade.

É inegável que o luto, pela perda de entes queridos, tenha se tornado uma difícil realidade na vida de muitas pessoas e famílias. A saudade será uma marca indelével e possivelmente, só esmaecerá com o passar dos anos. 

Todos nós profissionais da saúde mental, trabalhamos arduamente no acolhimento, e no amparo emocional a todos que sofreram perdas durante o isolamento social. 

Efetivamos também apoio e incentivo aos que estão em bom estado de saúde física, sem comorbidades diagnosticadas e emocionalmente aptos a retornarem ao trabalho. 

É igualmente certo que esse, será um período que exigido de todos nós, muita resiliência, atenção, cuidado e coragem para enfrentarmos essa dura realidade econômica e social, pós pandemia. 

Mas precisamos compreender que as mudanças e transformação desse novo tempo trouxeram consigo, muito aprendizado, muita adaptação, muita evolução e criatividade.

Agora temos a sinalização de que estamos muito próximos das vacinas, que têm demonstrado alta performance. A ciência nos surpreendeu com a celeridade e a eficácia das pesquisas.  Não é hora (nunca foi) de nos contaminarmos. 

Ignorar todos estes fatos somente nos expõe desnecessariamente, pois como dizia Hipócrates: “Há verdadeiramente duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe reside a ignorância” 

E desse modo, vamos indo alternando entre perdas e ganhos, até nosso último alento dessa pandemia. O importante é nunca perdermos a esperança de vivermos dias melhores. 

No dizer de Gonçalves Dias;

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