FERNANDO DE NORONHA SOBREVIVERÁ?


Por: João Vicente Machado.


Antes de ler a matéria sobre a pretensão do governo Jair Bolsonaro, no sentido de alterar as regras de visitação ao Parque Marinho de Fernando de Noronha, me ative em ver o vídeo (https://youtu.be/BOR1BbDZtOo) que lhes trago acima, em que é possível visualizar toda beleza exuberante que a natureza confiou ao Brasil para preservar para esta e para as gerações futuras essa joia preciosa. 

Mesmo sem visitar à ilha convido todos vocês para fazermos essa curta viagem aérea  juntos e  que  possamos compartilhar também as preocupações que nos desperta sobre a nossa responsabilidade para com  o futuro desse tesouro ambiental  que o vídeo não mostra. 

Chega-me às mãos uma matéria da lavra de Murilo Basso, (http//p.dw.com/p/3m2sn) sobre as ameaças do governo federal ao arquipélago de Fernando de Noronha. 

Todos nós sabemos do desrespeito ao meio ambiente e da desatenção à sustentabilidade em todas as esferas, do governo Jair Bolsonaro, notadamente o Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que vem desmontando e enfraquecendo o ministério e todos os órgãos que lhe são vinculados.

Diz um trecho da matéria: “Além de sinalizar planos de permitir a atracagem de grandes cruzeiros e instalar recifes artificiais, o governo libera a pesca comercial da sardinha no arquipélago. Críticos apontam claro retrocesso na proteção ambiental.”

Antes das considerações sobre o teor da matéria, é pertinente entender a geografia do arquipélago, a sua morfologia e o seu perfil para um melhor entendimento da sua importância.

O arquipélago de Fernando de Noronha faz parte de uma cordilheira submarina que emergiu a milhões de anos e tem ao seu redor e a pouca distancia da costa, profundidades abissais, podendo atingir em menos de 2km de distancia da costa,  2 a 3 mil metros de profundidade. 

Para termos uma ideia de grandeza, a nossa plataforma submarina tem uma extensão de 12 km a partir da linha de costa, tem uma profundidade média de 25m e é nessa faixa que trafega a  navegação de cabotagem da marinha mercante.

A primeira grande questão que se coloca, é saber qual foi a proposta ambiental do governo brasileiro para Fernando de Noronha quando  se decidiu pela criação de duas Unidades de Conservação no seu território: a Área de Proteção Ambiental (APA)  de Fernando de Noronha e o Parque Nacional Marinho (PARNAMAR) de Fernando de Noronha.

Presume-se e isso é fácil de perceber, que o propósito foi de transformar aquela dádiva que nos foi legada pela natureza, num santuário ecológico de preservação do precioso bioma marinho que lhe circunda, para o deleite dessa e das gerações futuras.

              

A área verde da figura acima é de uso restrito e a área mais clara é de uso comum.  Como a ilha é muito pequena e tem mais ou menos 18 Km2, uma média de  9km2 é destinado  à   área de uso livre. 

A capacidade máxima de carga de visitação a  ilha é de 675 visitantes diários, número que atualmente  vem sendo extrapolado pela pressão turística e, a forma encontrada para disciplinar o número de visitantes é a cobrança de  uma taxa diária de ingresso por visitante,  que é crescente e tem como propósito desestimular as permanências longas, abrindo  espaço a novos visitantes. 

A proposta do governo federal, causaria um acréscimo súbito na capacidade de carga da ilha, com todas as consequências decorrentes, pois mesmo sendo embarcações de porte médio que conduzem entre 150 a 200 passageiros, aumentaria ainda mais a carga já extrapolada pela pressão crescente pressão turística. 

A abertura para atracação de navios de cruzeiro, como quer impor o governo Bolsonaro, aumentaria em até quatro vezes a capacidade de carga da ilha com grande impacto ambiental,  tanto na  área costeira  como no bioma marinho.

A ideia de liberação da pesca da sardinha, por enquanto abundante na ilha, é outra proposta insana do governo federal, com a leniência do ICm Bio, e tem  alto impacto ambiental.

Cardume de sardinhas em Fernando de Noronha

A sardinha faz parte do elo da cadeia alimentar das diversas espécies, e a sua captura pressupõe o uso de redes de pesca que tem sido repensáveis por uma verdadeira dizimação da fauna marinha, despovoando os mares e  causando a extinção de várias espécies de peixes e tartarugas marinhas. 

Além disso, o manuseio de uma concentração pesqueira pontual e acentuada, pode comprometer o bioma de corais do contorno da ilha, local de maternidade de várias espécies que neles se reproduzem, para garantia da sustentabilidade.

Com relação a liberação dos cruzeiros de transatlânticos sob a justificativa de movimentação turística rentável, se alguma vantagem tem,  é apenas para as grandes empresas de navegação que vendem pacotes fechados all  incluse, em que o turista faz todas as refeições e pernoites no próprio  navio, deixando para a ilha apenas o lixo e o passivo ambiental.

A Ilha vive às voltas com dois vícios de origem que é o abastecimento de água e a destinação dos resíduos sólidos. Tanto um como o outro são feitos através de navios e levados ou trazidos do continente.                           

                   Açude do Xaréu em Fernando de Noronha

Desde o período da II guerra, foi construído  na ilha um pequeno açude visto na foto, insuficiente para atender à demanda. O clima da ilha é semiárido e está a mercê do regime de  chuvas que são irregulares como na região semiárida do continente.

                O  lixo é um problema sério da ilha

As duas fotografias anteriores representam um local onde ninguém faz selfie e nem é mostrado ao turista, portanto, nós enxergamos na decisão insana de escancarar a ilha apenas ao interesse avaro  de lobistas, prepostos de empresas turísticas  que já estão operando nos bastidores para federalizar o arquipélago, hoje administrado pelo governo de Pernambuco. 

Será que querem destruir mais um santuário que a natureza entregou aos cuidados do Brasil?





Consulta: W Made for minds.(http//p.dw.com/p/3m2sn

Fotografias:noticias.ambientebrasil.com.br

;ecodesenvolvimento.org;

g1.globo.com;

carecanaestrada.blogspot.com;

youtube.com;

turismo.ig.com.br.

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