Por: João Vicente Machado
John Ford, o cineasta famoso, imortalizado por alguns clássicos do cinema concebeu, produziu e dirigiu um filme de título “O Homem que matou o facínora”, cujo enredo e resumo pode ser acessado no trailer legendado logo abaixo. Esse enredo nos serviu de mote.
A história se desenvolve numa pequena cidade do velho oeste americano que é invadida por um temível pistoleiro e, a um advogado forasteiro que torna-se delegado da cidade, compete combatê-lo. Isso na pior correlação de forças possível, dado o poderio bélico do pistoleiro.
(consultem o resto da trama ou assistam o filme).
No desenrolar da trama tornou-se célebre a frase proferida por Ford: “Aqui é o oeste senhor; se a lenda vira realidade, publique-se a lenda”.
Mutatis mutandis, me permitam os juristas: “nesse Brasil caboclo de Mãe Preta e pai João”, essa prática virou uma rotina do Oiapoque ao Chuí.
Aqui na taba, montou-se um aparato midiático para promover uma caçada implacável ao ex governador Ricardo Coutinho, acusado de prática de crimes de todos os matizes, que devem ser apurados.
Sem ser denunciado, sem nenhum interrogatório e sem provas documentais que fundamentem as denúncias, é acusado até de enterrar botijas, uma prática dos tempos de antanho, que era muito comum no passado e hoje os mais jovens sequer sabem o que significa.
As acusações brotam de todas as canetas, microfones e telas. Apontam-se uma séries de indícios sem provas documentais concretas, sem denúncia formal e sem sequer uma citação ou intimação, tem uma prisão preventiva decretada, atropelando o direito positivo que deve se nortear através de provas documentais apensadas aos autos. Preventiva para prevenir concretamente o quê?
As duas maiores redes de comunicações do estado comandam o espetáculo, com um batalhão de escribas virtuais, alguns saindo do sarcófago jornalístico onde estavam encerrados, para engrossar o coro inquisitório, que terá o ápice, o espasmo final, com a prisão programada do acusado.
A catarse virou uma epidemia e essa trupe deve ter varado a madrugada à espera do momento de notoriedade máxima, com a voz de Ford a martelar-lhes os ouvidos:
“Aqui é o oeste senhor; se a lenda vira realidade publique-se a lenda!”