Peru cozido

Por: João Vicente Machado
    Você conhece essa ave da foto? Esse é o peru de terreiro, de capoeira ou caipira, como queiram. Estando gordo ou sendo engordado coercitivamente com milho dado pelo bico, pode chegar aos 10 a 12 quilos na pena. Por ser criado solto e ter de se movimentar em busca de alimentos, adquire musculatura e sua carne tem uma consistência mais firme e pode ser considerada dura para alguns paladares.

    Sempre esteve presente nas mesas das famílias nas noites de natal  e o rito do abate do peru  é tragicômico e envolve  até uma lapada de cachaça para aliviar-lhe o suplicio da morte e proporcionar o amolecimento da carne. 

    Geralmente é preferido  assado e nesse processo recomenda-se uma ou duas horas a 180°C visando o cozimento da parte interna da carne e  posteriormente a elevação da temperatura aos  270°C  para gratinar e conferir uma cor mais característica.
    Se a opção for pelo cozimento o rito muda um pouco sendo necessário o uso da panela de pressão para obter uma carne mais tenra, principalmente para os mais entrados na idade como eu, já em conflito com os dentes.
     Mutatis mutandis (valei-me) Ronilton Lins!) ,  na política acontece algo parecido.   Todos nós  sabemos que o político afina a viola com o toque que vem das ruas e para obter alguma conquista é preciso que a orquestra seja sonora,  afinada e forte.

    Se o toque da rua não lhe chegar aos ouvidos, ai a  estratégia muda e  é preciso levá-lo à  pressão para o cozimento ter sucesso. É nessa parte que emerge o sentido figurado da metáfora da  panela de pressão.

     Lembrem-se, estamos não com um, mas vários  perus  duros  no fogo decidindo  se  terão sabor ou   não. Se não tiver pressão eles ficarão cru e a família não terá o que comer e portanto depende de nós que esteja cru ou cozido. “ Alea Jacta Est “, ou seja: A sorte está lançada!

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