Por: João Vicente Machado
Ruy Barbosa, apesar de baiano, tinha residência no Rio de Janeiro, num casarão da rua São Clemente em Botafogo, que hoje é um museu memorial em seu nome. É uma casa muito grande e lá, ele criava aves e alguns pequenos animais de estimação, inclusive alguns patos que ornavam um pequeno lago da chácara.
Pois bem, reza a lenda que ao voltar do trabalho, como ministro da Fazenda, aliás, primeiro nomeado pelo efêmero governo de Deodoro da Fonseca que se instalava e, segundo Luiz Nassif narra no seu livro “Os Cabeças de Planilha”, com passagem controversa. Se depara com a cena de um homem, de saco na mão, se apropriando de uns patos e, do alto da sua diminuta figura, ele dispara o verbo erudito:
“Oh, bucéfalo anacrônico, não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas, sim, pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombar da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei, com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto, que te reduzirei a quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.”
E o ladrão confuso diz:
Dotô, resumino, eu levo ou deixo os pato?!