Por: João Vicente Machado
Creio que o leitor conhece, ou pelo menos já ouviu falar dos rigores da lei de Chico de Brito.
Ivens Mourão, que faz parte de um grupo de estudos chamado Cariri Cangaço, que tem a conterrânea e amiga Cristina Couto como membro atuante, além do blogueiro Antônio Morais, todos defensores da historiografia regional e estadual.
Eles narram o motivo original do fato, respaldados pelo testemunho do historiador regional, Dr. Irineu Nogueira Pinheiro, sobrinho de um dos personagens da trama, no caso Antônio Luiz Pinheiro.
Francisco José de Brito Pinheiro existiu sim e foi no julgamento daquela época, um homem de posses. Era dono de um engenho de rapadura na zona rural do Crato, agradável cidade do sul do Ceará, fronteiriça com a cidade pernambucana de Exu, terra do eterno rei do baião, Luiz Gonzaga.
A chamada sedição do Juazeiro foi comandada por Floro Bartolomeu, Antônio Pinto Nogueira Accioli, Fideralina Augusto, Zé Ignácio do Barro, além de outros integrantes do pacto dos coronéis sob a liderança do Padre Cícero. A revolta contou com a concordância e o apoio do Padre, que tinha em Floro Bartolomeu o seu alter ego.
O Padre liderava um pacto que contestava os governos federais do Marechal Hermes da Fonseca e o governo do Ceará Marcos Franco Rabelo, adversários políticos e desafetos do grupo.
Nessa época o Crato, tinha como intendente o coronel Antônio Luiz Pinheiro que por sua vez era adversário político, alem de desafeto do também coronel de Chico de Brito, esse sim aliado dos revoltosos.
![]() |
Cel. Chico de Brito |
![]() |
Cel. Antônio Luiz Pinheiro |
Terminada a refrega com a tomada do governo pelos revoltosos que ocuparam o Palácio da Luz então sede do governo do estado, entronizando Nogueira Accioli como interventor.
A consequência disso é que o coronel Chico de Brito foi nomeado intendente e entusiasmado resolveu tomar posse de imediato.
O intendente de plantão não concordou e decidiu cumprir o rito legal e relutou em dar posse imediata ao desafeto.
Chico de Brito reuniu a cabroeira e foi assumir na marra. Lá chegando arrombou a porta, invadiu a prefeitura e baseado na lei de Chico de Brito sentou-se na cadeira de prefeito.
O diálogo final está expresso nas duas estrofes seguintes de autoria de Eloi Teles:
“Chegando à prefeitura
A porta estava fechada.
O coronel deu a ordem,
Não tem conversa fiada
Mostrando ser cabra macho
Botaram a porta abaixo
“A posse estava selada”
Doutor Irineu Pinheiro,
Sobrinho de Antônio Luiz,
Revoltado perguntou
Que lei é essa? Me diz
E o prefeito dando um grito
a lei Chico de Brito
Essa lei eu mesmo fiz!”
A surpresa eu Guardei para o final, pois Francisco José de Brito Filho ou Francisco José o Repórter, hoje produtor independente, é do Crato e é filho do Coronel Chico de Brito. Confiram a fotografia: