Por: João Vicente Machado
Li e divulguei no Facebook uma matéria publicada no Diário do Nordeste, jornal matutino do Ceará editado em Fortaleza, com fotografias ilustrativas do próprio jornal e do blog da UOL, onde é veiculada a notícia do abandono a que está relegado o Parque Asa Branca, construído por Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião e que foi sua última morada, o seu refúgio.
Conheci aquele espaço há uns 8 anos passados, em companhia da minha irmã Anita, seu filho Paulo e da minha companheira de todas as horas, Maria Gorette de Carvalho Wanderlei.
Viajamos do Recife até o aeroporto do Cariri, em Juazeiro do Norte, onde encontramos minha irmã e de lá, após fazer uma visita ao meu tio José, ainda vivo, fomos para a agradabilíssima cidade do Crato, na saia da Chapada do Araripe, onde nos hospedamos num hotel no meio da Serra.
Do Crato ao Exu, o epicentro do terremoto cultural chamado Luiz Gonzaga, distam apenas 34 Km e na manhã seguinte, logo cedinho, empreendemos viagem ao Exu, indo direto para o Parque Asa Branca, com o propósito de conhecê-lo.
Encontramos todos os imóveis ainda em bom estado de conservação, e conhecemos duas figuras centrais e cicerones por ocasião da visita: Anselmo, o vaqueiro de Luiz, e a governanta da casa de morada do Rei.
Ambos nos deram informações substanciosas sobre a rotina de Gonzaga e já revelaram um leve desalento com os rumos que o empreendimento estava tomando. Falaram sob tom de lamento sobre a ausência dos artistas que iam por lá com muita frequência, enalteceram a fidelidade de Dominguinhos e Waldonys, que vez por outra iam por lá e lamentaram o golpe que o Parque sofrera com a prematura morte de Gonzaguinha, que já se assumira como seu zeloso cuidador.
Pois bem, agora vejo a notícia da decadência física daquele pedaço de história da riquíssima e original música popular nordestina, que teve em Luiz Gonzaga o seu maior expoente. A informação de que o primeiro andar da casa grande, que a rigor é o sótão, está em ruínas e isolado para a visitação pública.
Fico a me perguntar como é que Luiz, que foi considerado o pernambucano do século, tem a sua memória conspurcada pelos mesmos políticos e artistas que o procuravam oportunisticamente para posarem em fotografias com ele em busca de notoriedade?
Onde está o governo de Pernambuco e os parlamentares não somente de lá, mas de todo o Nordeste, do qual Gonzaga é patrimônio cultural e imaterial?
Que tal uma pauta com essa bandeira? Qual político se habilita?