Por: Neves Couras;
Em nossa vida diária como mães, tantas coisas vêm à nossa boca para dizer aos filhos os caminhos para que eles não caiam em erros que muitas vezes, nós já os cometemos. A diferença da idade dos pais e das mães em relação a seus filhos, não está simplesmente em números absolutos. Essa diferença acumula experiencias, erros, acertos, e as dores e lágrimas derramadas na conquista que os mais velhos carregam.
Quando dizemos aos nossos filhos que eles precisam pensar no futuro, por exemplo, é que sabemos que um dia não estaremos mais aqui para ajudá-los e entregarmos um umbro e nossas experiencias a eles. A vida pode acabar num piscar de olhos. Em lugar nenhum está escrito a data de nosso retorno.
Hoje, estamos diante de uma sociedade que nas maiorias das famílias, os filhos dependem financeiramente dos pais. Eu, em particular, sei que se Jesus nos permitiu um pouco mais de recursos financeiros e nossos filhos por mais esforços que façam, ainda não conseguiram seu lugar no mercado de trabalho, sentimos que precisamos dividir com eles o que temos.
Alguns desses filhos, sabemos, se esforçam, se preparam realmente, mas ainda a porta certa não se abriu. Outros, por mais que nossa experiência mostre, eles acham que vamos viver para sempre e, essa é uma grande dor para pais que não tem empresas nem patrimônio que cuidará de seus filhos.
Nenhum pai ou mãe quer ver um filho passando necessidades. Por outro lado, não podemos abrir a cabeça deles e repassar nossos ensinamentos, como se conhecimento, experiência, pudessem ser repassados. Cada um terá que trilhar seus próprios caminhos e conquistar flores para seu jardim, ou pedras para a construção de seu abrigo.
Sei que minha experiência de vida jamais poderá ser repassada para quem quer que seja, por isso, a minha voz repete tantas vezes: procurem se preparar. Chico Xavier dizia que “quando o trabalhador está pronto, o trabalho chegará”. O mundo está cada dia mais competitivo. Quando fui professora de empreendedorismo para adolescentes em fragilidade social, olhava para cada um, como se ali estivesse um filho ou uma filha.
Nada cai do céu, a não ser a chuva, e assim mesmo em alguns lugares ela ainda falta. A geração atual pela própria forma que a sociedade foi sendo desenvolvida, não valoriza os mais velhos e sua sabedoria.
Quando somos mais novos, sonhamos com carrões, casas enormes, barcos e tudo que hoje, com mais ênfase, é mostrado nas redes sociais, provocam nos jovens a ideia de ter tudo aquilo é fácil conseguir. Esse é um dos grandes perigos que as redes sociais podem provocar em nossos jovens.
Meu coração não quer calar e sempre que eu tiver um espaço para esclarecer esses jovens eu o farei. Já transitei por lugares que muitos não chegariam perto. Mas as imagens que meus olhos viram, não poderão ser repassadas, apenas faladas. Repito: o tempo nesse Planeta é muito curto, precisamos buscar conhecimento nos melhores lugares. Esse, ninguém toma nem rouba. No entanto, não é fácil. É preciso coragem, determinação e às vezes deixar de lado o orgulho e buscarmos a escada mais alta. Subir o primeiro degrau é preciso e à medida que subimos vai ficando mais difícil. Mas, ao chegarmos ao topo, a imagem que nossos olhos poderão observar não tem preço. Tem valor, tem o prazer da conquista.
Ainda é como mãe que falo. Porque só o coração de mãe sabe o que passa para colocar seu filho no podium da ética, da honradez e da conquista. Essa conquista, pode não ser a de comprar um carrão nem uma bela mansão, mas pode ser um quarto e sala, rodeado de flores e ao ouvirmos o cair da chuva em nosso telhado, agradecer a Deus pelo seu teto. É saber que mesmo que tenha que apanhar um ônibus para ir ao trabalho, seu coração tá cheio de conquistas e prazer, porque foi você que conquistou esse direito.
É em nome de todas as mães e com o coração cheio de amor que digo. “Cresce filho. Vá em frente. Se o desânimo tentar te abater, lembra que vai chegar a chuva e que você precisa construir seu abrigo. “
Crescer dói, mas é necessário. Cada passo dado com esforço, cada escolha feita com responsabilidade, constrói não só um futuro, mas um caráter. As mães, com seus olhos atentos e corações calejados, sabem que não poderão proteger os filhos de todas as tempestades, mas podem ensiná-los a reconhecer os sinais do céu e a encontrar abrigo nas próprias forças. É por isso que insistem, orientam, às vezes se calam, mas nunca deixam de amar.
Que as palavras que nascem do coração das mães encontrem solo fértil nos ouvidos dos filhos. Que possam, um dia, compreender que o verdadeiro sucesso não está nos bens acumulados, mas na dignidade com que se constrói a própria história. E, quando a chuva vier — porque ela virá —, que se lembrem de quem lhes ensinou a erguer um teto com coragem, esperança e fé.