Por: Neves Couras;
Mais uma vez, neste país que deveria dar o exemplo, perde-se as rédeas e passa-se por cima do respeito, da educação e das boas maneiras. Dá-se lugar a mais um ato de um grande “teatro”, onde se fizeram presentes, bem caracterizados, os personagens representantes da misoginia, do racismo e de todo tipo de discriminação.
O teatro de horrores colocou a ministra Marina Silva no caldeirão da maldade e da falta de decoro. Transformaram uma mulher digna, respeitada, defensora de uma das maiores riquezas deste país — o Meio Ambiente — em alvo de ataques.
Só uma mulher com “M” maiúsculo, que tem em suas veias o sangue da floresta e o amor pelos seres que nos dão vida, pode suportar tamanha injustiça. E, para quem ainda não percebeu: ela defende o que pode garantir a vida de todos nós nortistas, nordestinos e brasileiros de todas as regiões.
Defender a Natureza é defender a Mãe Terra em toda a sua plenitude. Para entrar nessa luta, é preciso ser uma grande mulher. E não se trata de tamanho, mas de sensibilidade e amor. Do grande Amor que Jesus veio nos ensinar.
O que foi feito com Marina nos envergonha como brasileiras, como mulheres, como mães. Ouvir o que ouvimos dos homens que a ela se dirigiram nos faz menores. Faz-nos refletir sobre todo o cabedal de conhecimento que essa mulher pobre e negra acumulou ao longo da vida, e só Deus sabe o que ela enfrentou para chegar onde chegou.
Senhores parlamentares, que vergonha vocês nos fizeram passar. Que exemplo podemos dar a nossos filhos diante de uma cena tão triste vivida em uma das maiores Casas de Poder deste país?
Defender nosso ponto de vista é saudável, é democrático. Mas o que vocês fizeram não foi apenas contra Marina Silva, foi contra todas as mulheres deste país que lutam para sair da pobreza e da invisibilidade, tendo em Marina um exemplo a ser seguido.
Marina Silva pode ter saído de uma cabana em uma das regiões mais pobres deste país, mas lutou, estudou e chegou onde chegou. Aliás, exatamente por ter saído de uma cabana em uma das regiões mais pobres deste país é que teve força para lutar por esse planeta e por nosso povo. Ao contrário de muitos que ali estava, nascidos em berços de ouro, a Ministra conhece de perto as dores dos mais vulneráveis.
Já tivemos, nesta grande Casa, homens como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros que lutaram para que fôssemos um país democrático. E hoje?
Hoje temos homens que defendem interesses talvez inconfessáveis. E, ao verem diante de si uma mulher que, à primeira vista, parece pequena, frágil ou despreparada, aproveitaram para despejar nela tudo aquilo que os sufocava. Estavam terrivelmente enganados.
Como diria uma amiga: ledo engano! Eis que surge uma grande guerreira, cujas armas são a verdade, a dignidade, a ética e, acima de tudo, o conhecimento.
Senhores, aprendam a respeitar quem, por direito, merece respeito. Nosso Brasil precisa de mais Marinas, de mais guerreiras dispostas a lutar pelas nossas causas.
Mulheres, tiremos um tempinho para refletir. Quem sabe, nas próximas eleições, apareçam mais mulheres com coragem de resistir ao poder de manipulação dos partidos e dos políticos, que muitas vezes colocam mulheres apenas para preencherem as cotas exigidas por lei. No entanto, poucas resistem às articulações que as fazem desistir.
Temos uma grande pauta social a ser trabalhada, e somente mulheres com força e com sua nata sensibilidade poderão levá-la adiante. Unamo-nos. Somos a maioria neste país. Vamos demonstrar força, raça e conhecimento!
Juntas somos mais!